Substâncias ilegais usadas na China estão destruindo a camada de ozônio

A China está destruindo a camada de ozônio com substância proibida desde 1989 (Foto: Pixabay)
A CHINA ESTÁ DESTRUINDO A CAMADA DE OZÔNIO COM SUBSTÂNCIA PROIBIDA DESDE 1989 (FOTO: PIXABAY)

O composto perigoso e destruidor da camada de ozônio ainda está sendo usado na China. Segundo um estudo publicado no periódico Geophysical Research Letters, o leste do território chinês emitiu quantidades significativas dessa substância, que é conhecida como tetracloreto de carbono (CCl4) e famosa por consumir o ozônio, uma camada na atmosfera da Terra que protege o mundo da perigosa radiação ultravioleta.

Em junho, uma investigação do jornal norte-americano The New York Times também descobriu que as fábricas do país estavam liberando substâncias proibidas que destroem a camada de ozônio.

O ozônio fica no alto da estratosfera da Terra, a cerca de 10 quilômetros acima do solo, onde absorve grande parte da radiação ultravioleta do sol. Se essa radiação entra em contato com a pele humana, ela pode aumentar o risco de câncer e danos oculares.

Um buraco feito pelo homem já existe na camada de ozônio sobre a Antártida. Assim, para proteger o ozônio, todos os países do mundo concordaram em eliminar as substâncias que destroem essa camada protetora, incluindo o CCl4, que foi banido mundialmente em 2010, em uma atualização do Protocolo de Montreal, acordo assinado no ano de 1989.

Camada de poluição cobre a cidade chinesa de Pequim (Foto: Wikimedia Commons)
CAMADA DE POLUIÇÃO COBRE A CIDADE CHINESA DE PEQUIM (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)

Apesar deste acordo, cerca de 44 mil toneladas foram misteriosamente emitidas a cada ano, como mostram estudos recentes. Para investigar o ocorrido, uma equipe internacional de cientistas da Austrália, Coréia do Sul, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos trabalhou em conjunto para identificar a origem dessas emissões intrigantes.

A equipe usou dados de sensores de concentração atmosférica no solo e da atmosfera de perto da península coreana, além de dois modelos que simularam como os gases se movem pela camada protetora. Foi então que os pesquisadores descobriram que cerca de metade dessas emissões mistificadoras vieram do leste da China entre 2009 e 2016. “Nossos resultados mostram que as emissões de tetracloreto de carbono da região leste da Ásia são responsáveis por uma grande proporção das emissões globais”, disse Mark Lunt, pesquisador associado de química na Universidade de Bristol, em um comunicado. “E [essas emissões] são significativamente maiores do que alguns estudos anteriores sugeriram.”

“Nosso trabalho mostra a localização das emissões de tetracloreto de carbono”, disse em nota o co-autor do estudo Matt Rigby. “No entanto, ainda não conhecemos os processos ou indústrias responsáveis. Isso é importante porque não sabemos se está sendo produzido intencionalmente ou inadvertidamente.”

O pesquisador sugere que mais pesquisas poderiam descobrir outros culpados. “Há áreas do mundo — como Índia, América do Sul e outras partes da Ásia, onde as emissões de gases que destroem a camada de ozônio podem estar em andamento, mas faltam medições atmosféricas detalhadas”, disse Rigby.

Essas descobertas podem ajudar cientistas e reguladores a identificar exatamente onde e por que essas emissões na China estão acontecendo. Segundo os pesquisadores, quanto mais cedo essas emissões forem interrompidas, mais rápido o ozônio se recuperará.

“Há uma tentação de ver o esgotamento do ozônio como um problema que foi resolvido”, disse Lunt. “Mas o monitoramento de gases que destroem a camada de ozônio na atmosfera é essencial para garantir o sucesso contínuo da eliminação desses compostos.”

Fonte: Revista Galileu