Cientistas descobriram que uma colônia de “super-cupins” está em expansão há 3,8 mil anos no nordeste do Brasil. Ao estudar a paisagem montanhosa da região, os pesquisadores coletaram amostras de solo de 11 locais diferentes e descobriram que em alguns destes solos existiam enormes colônias das criaturas.
Os montes de 2,5 metros de altura espalhados por cerca de 230 mil quilômetros quadrados são escondidos da vista pela caatinga, uma variedade de vegetação espinhosa, semelhante a um deserto e única no Brasil, que só foram revelados a cientistas internacionais há algumas décadas, quando a terra foi desmatada para pastagem.
Agora, no entanto, a amostragem dos montes mais antigos revelou que a área é de idade comparável a algumas das mais antigas estruturas de colônias de cupins conhecidas na África, enquanto outras começaram a construção há cerca de 600 anos.
Os autores do estudo, publicado na revista científica Current Biology, disseram que a “maravilha biológica” era semelhante àquela do mundo antigo, mas com a civilização que a construiu ainda residindo no local.
“Este é aparentemente o maior esforço de bioengenharia do mundo por uma única espécie de inseto”, disse Roy Funch, da Universidade Estadual de Feira de Santana, no Brasil, e um dos responsáveis pela pesquisa, em entrevista ao jornal The Independent.
Os cupins conseguiram se desenvolver ali graças à seca, aproveitando a queda anual de folhas para abastecer suas “casas” com alimentos que duram por longos períodos, principalmente nos quais os recursos são mais escassos.
“Esses montes foram formados por uma única espécie de cupim que escavou uma enorme rede de túneis para permitir que eles acessem folhas mortas para comer com segurança e diretamente do chão da floresta”, disse o professor Stephen Martin, especialista em insetos sociais da Universidade de Salford.
A quantidade de solo escavado é superior a 10 quilômetros cúbicos, o equivalente a 4.000 grandes pirâmides de Gizé. “Isso representa uma das maiores estruturas construídas por uma única espécie de inseto”, conta Martin.
Outra grande descoberta do estudo foi que os cupins de uma mesma colônia ou de colônias próximas não competem entre si. Prova disso foi que os pesquisadores transferiram cupins para um monte rival e, diferente do que se imaginava, eles não foram invadidos e nem atacados, o que sugere que os insetos se misturam no subsolo em vez de competir entre si.
Os pesquisadores acreditam que as colônias vizinhas usam fragrâncias de ferromônio compartilhadas em toda a rede do túnel para se identificarem entre si.
Fonte: Revista Galileu