De toda a chuva que cai no planeta em um ano, metade se concentra em apenas 12 dias. A descoberta foi publicada em estudo na revista científica Geophysical Research Letters e mostrou que, com o passar dos anos, a distribuição será mais desigual e com chuvas cada vez mais concentradas.
O aumento da temperatura global deixará o clima mais extremo: as secas serão mais longas e, as tempestades, mais intensas. Simulações mostraram que, se não conseguirmos zerar as emissões de gases de efeito estufa, o Nordeste e Norte brasileiros ficarão mais secos, enquanto as tempestades serão cada vez mais comuns no Sul e Sudeste do país.
A nova pesquisa dá números mais concretos à intensificação das chuvas. “O que descobrimos é que os aumentos ocorrem quando já são esperados. Os dias mais chuvosos ficariam mais chuvosos ainda, por exemplo”, disse em comunicado Angeline Pendergrass, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR) em Boulder, Colorado, e principal autora do estudo.
Esse aumento das chuvas traz consequências, como inundações e deslizamentos de terra, e tem implicações para os gestores de recursos hídricos, planejadores urbanos e equipes de emergência. Os resultados da pesquisa também levantam preocupações para a agricultura, que é mais produtiva quando a precipitação é distribuída de forma mais uniforme ao longo das safras.
Simulações
Pendergrass e seus colegas usaram uma variedade de métricas para definir o que pode ser qualificado como precipitação “extrema”. De acordo com a pesquisadora, em alguns casos as definições eram tão amplas que os eventos extremos de precipitação incluíam a maior parte do total do fenômeno.
Os especialistas usaram dados de 185 estações terrestres para o período entre 1999 e 2014, em que as medições puderam ser validadas com dados do satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission). A maioria das estações estava localizada na América do Norte, na Europa, na Ásia e na Austrália.
Em seguida, os pesquisadores usaram simulações de 36 dos principais modelos climáticos do mundo, que tinham dados para a precipitação diária. Os resultados surpreenderam. “Eu teria imaginado que o número seria maior. Um mês, talvez”, disse ela. “Mas quando olhamos para a mediana de todas as estações de observação disponíveis, o número foi de apenas 12 dias.”
Ainda segundo a pesquisa, se as mudanças climáticas continuarem nesse ritmo, metade da chuva anual cairá em seis dias em 2100, bem mais rápido (e intenso) do que ocorre atualmente.
“Enquanto os modelos climáticos geralmente projetam apenas um pequeno aumento na chuva em geral, descobrimos que esse aumento vem como um punhado de eventos com muito mais chuva e, portanto, pode resultar em mais impactos negativos, incluindo inundações”, disse Pendergrass. “Precisamos levar isso em conta quando pensamos em como nos preparar para o futuro.”
Fonte: Revista Galileu