Cientistas descobriram uma imensa cavidade na base da geleira Thwaites, na Antártida Ocidental, cuja acelerada taxa de crescimento surpreendeu. Segundo estudo publicado nesta semana pela revista científica Science Advances, a cavidade tem quatro quilômetros de largura, dez quilômetros de extensão e 350 metros de altura.
Os cientistas já suspeitavam da existência de vãos entre a geleira e a base rochosa do Thwaites, por onde passa água do oceano que derrete o gelo de baixo para cima. Contudo, satélites com radares capazes de penetrar o gelo revelaram um espaço muito maior que o esperado.
“[O tamanho de] uma cavidade abaixo de uma geleira tem um papel importante no derretimento”, disse o principal autor do estudo, Pietro Mililo, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. “Quanto mais calor e água conseguem chegar embaixo da geleira, mais rápido ele derrete.”
Parte do projeto Operation IceBridge, da Nasa, os satélites mostraram que a cavidade tem capacidade para abrigar 14 bilhões de toneladas de gelo, mas a maior parte dele derreteu nos últimos três anos.
Também foram usadas espaçonaves italianas e alemãs equipadas com radares que conseguem medir as mudanças sob a geleira por comparação entre imagens. O uso das ferramentas mostrou que a geleira está descolando da sua base rochosa desde 1992.
Anteriormente, os modelos usados pelos cientistas usavam uma forma fixa para representar a cavidade, sem considerar alterações e aumento de tamanho, o que os levava a subestimar a velocidade do derretimento.
Com tamanho total semelhante ao do estado da Flórida, nos Estados Unidos, a geleira é atualmente responsável por cerca de 4% do aumento do nível do mar. Caso ele derreta totalmente, o mar subiria 65 centímetros. Se o mesmo ocorrer com geleiras vizinhas que atualmente são contidos pelo Thwaites, o avanço seria de 2,4 metros.
“Entender os detalhes de como o oceano derrete essa geleira é essencial para projetar o seu impacto no aumento do nível do mar nas próximas décadas”, disse o coautor do estudo Eric Rignot, da Universidade da Califórnia, Irvine, e do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.
Fonte: Deutsche Welle