Cientistas descobriram uma nova espécie de cobra que pode liberar veneno sem nem precisar abrir a boca. É uma habilidade incomum que pertence unicamente a cobras stiletto, que têm presas longas que podem ficar dentro e fora dos cantos de suas bocas, permitindo que os animais ataquem de lado. O artigo foi publicado no periódico Zoosystematics and Evolution.
Apelidado de cobra “Stiletto de Branch”, o animal foi encontrado no noroeste da Libéria e no sudeste de Guiné, quando os pesquisadores toparam com essa espécie noturna rastejando pelas encostas escuras. Eles tentaram pegá-la da maneira usual, segurando a cobra atrás da cabeça com os dedos. Mas esta não foi uma boa ideia já que, de acordo com os autores, o animal tentou atacá-los repetidamente nesta posição.
Ninguém ficou ferido, mas mesmo que alguém tivesse sido atingido pelas presas, não teria sido fatal. Ainda assim, o seu veneno é potencialmente citotóxico, danificando as células e causando dor intensa, inchaço, bolhas e, às vezes, até grandes danos nos tecidos. Sem um anti-veneno conhecido, as vítimas podem chegar a perder os dedos.
A equipe ainda encontrou outros dois animais da espécie entre as plantações de café e banana no sudeste da Guiné, a cerca de 27 quilômetros de distância. De acordo com os pesquisadores, as criaturas são delgadas, com corpos moderadamente robustos e cabeças arredondadas.
A nova espécie se junta pelo menos outras 21 cobras stiletto conhecidas, a maioria das quais é encontrada na África Subsaariana. Acredita-se que a cobra Stiletto da Branch é, na verdade, endêmica das florestas tropicais da Guiné Superior, ameaçada pelo desmatamento, agricultura, exploração madeireira, mineração e mudanças climáticas.
A descoberta sugere que esta região é um centro de biodiversidade rica e endêmica, mas que também enfrenta muitas ameaças. Mesmo as florestas que ainda estão de pé foram quase todas invadidas pelos seres humanos, afetando o habitat das cobras.
“Mais pesquisas são necessárias para entender o alcance das novas espécies de serpentes e para reunir mais informações sobre suas necessidades ecológicas e propriedades biológicas”, escrevem os autores.
Fonte: Revista Galileu