Por um momento, feche os olhos e tente imaginar como era a vida na Terra há 135 milhões de anos atrás. Para o paleontólogo e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Marcelo Adorna Fernandes, remontar essa época só é possível a partir das provas e resquícios fósseis dos animais que viveram aqui antes de nós. Mais especificamente, ele é um dos responsáveis por levar adiante um projeto que busca preservar as pegadas de dinossauro encontradas nas calçadas de Araraquara.
O projeto que Adorna conduz virou lei e foi assinado e anunciado oficialmente na última quarta-feira, 27. Além disso, a norma de proteção das pegadas de dinossauro também servirá para punir, com uma multa no valor de R$ 553, os cidadãos que a descumprirem.
Segundo levantamento da UFSCar, Araraquara tem mais de mil pegadas de dinossauros cadastradas. As marcas estão expostas para quem quiser ver na região: nas calçadas e lajes de arenitos de uma pedreira da Formação Botucatu.
Em entrevista à GALILEU, o paleontólogo Marcelo Adorna conta que o projeto de preservação das pegadas de dinossauro tem cerca de 20 anos e, mais recentemente, em 2011, foi inaugurado o Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara, mais conhecido como MAPA.
A instalação do próprio MAPA não é aleatória. O Museu fica na Voluntários da Pátria, conhecida popularmente pelos moradores de Araraquara como “Rua 5” O local é um dos pontos turísticos da cidade e, também, um dos locais que se pode encontrar as pegadas de dinossauro.
Além de Araraquara, as pegadas de dinossauros podem ser encontradas em outras regiões próximas, por exemplo. No zoológico de São Paulo, como mostrou o G1, existem dezenas delas, também provenientes do interior paulista.
Adorna conta que não são apenas os rastros dos dinossauros que podem ser identificados: “Há também rastros de besouros, escorpiões, dinossauros e vários animais que andaram nesse ambiente desértico há 135 milhões de anos atrás”, conta.
Segundo o paleontólogo, a região do interior paulista já foi muito estudada por sua riqueza arqueológica. Em 1976, o paleontólogo e padre italiano Giuseppe Leonard, foi um dos primeiros a descobrir as pegadas de dinossauro em Araraquara. Giuseppe já havia visto outras pegadas na região Nordeste do país, na Paraíba.
Adorna, que conheceu pessoalmente o padre italiano, continua ampliando seu trabalho na UFScar até hoje. “As pegadas são de uma época em que o Brasil era muito árido, então não temos restos corpóreos ou fósseis de animais dessa época do período jurássico ao cretáceo. Essa é a única evidência que temos da presença de alguns grupos, principalmente os mamíferos”, conta.
Agora, o principal interesse dos paleontólogos e especialistas que conduzem o projeto é atualizar o levantamento das pegadas de dinossauro. “Chega até a ser engraçado, os dinossauros têm até endereço, podendo estar em frente à casa de alguém”, conta.
Com o levantamento, caso algum fóssil seja encontrado, o material será preservado e estudado. Além disso, um programa de conscientização para a população e nas escolas locais será feito.
Fonte: Revista Galileu