De vez em quando bólides enormes passam relativamente perto da Terra. Como em abril de 2018, quando, vindo das profundezas escuras do espaço, um asteroide de cerca de 50 metros de diâmetro se aproximou perigosamente, e os astrônomos só o descobriram 21 horas antes da passagem.
Cinco anos antes, um meteorito de 20 metros caiu em Tcheliabinsk, na Rússia. O incidente teve consequências relativamente leves, embora milhares de edifícios tenham sido danificados pela onda de pressão. Houve mais de mil feridos, especialmente por estilhaços de vidro, mas felizmente nenhuma morte.
Os astrônomos estão bastante confiantes de que conhecem as outras ameaças celestes mais perigosas, com vários quilômetros de diâmetro, e acreditam que a Terra não corre perigo pelo menos nos próximos 100 anos.
Os bólides de médio porte, por sua vez, são de difícil previsibilidade. Mas até mesmo formações “menores”, com diâmetro de algumas centenas de metros, já podem causar danos regionais devastadores. O caso dos dois asteroides também mostra que não é possível conhecer todos eles.
Por essa razão, de 29 de abril a 3 de maio, 300 astrônomos, engenheiros espaciais e outros especialistas dos Estados Unidos, Rússia, China, Alemanha, França e Israel se reuniram para discutir a “situação espacial”.
As possíveis estratégias de defesa são tratadas na Conferência Internacional de Defesa Planetária, realizada em Maryland, EUA. A agência espacial americana Nasa organizou a conferência em colaboração com pesquisadores do Laboratório Johns Hopkins de Física Aplicada (APL).
Os cientistas criaram um cenário, em que é descoberto um asteroide hipotético de até 300 metros, a uma distância de 57 milhões de quilômetros, que ruma para a Terra a uma velocidade de 14 quilômetros por segundo, ou 50 mil quilômetros por hora. A probabilidade de que o corpo celeste caia em solo terrestre é de 1%. Uma maneira de lidar com a situação seria evacuar a região ameaçada.
Os participantes da conferência demonstram também métodos diversos para a humanidade desviar um asteroide de sua rota perigosa, como a missão Teste de Redirecionamento de um Asteroide Duplo (Dart, na sigla em inglês), desenvolvida pelo Escritório de Coordenação da Defesa Planetária da Nasa, juntamente com o APL. Em 2022, um asteroide de 150 metros de espessura, não perigoso para o planeta, deve ser desviado de sua órbita através de uma colisão. Dessa maneira, os pesquisadores querem testar se o método pode ter sucesso.
O Dart faz parte de uma estratégia nacional e um plano de ação dos EUA para proteção contra objetos próximos da Terra. “Próximos da Terra” são considerados asteroides cuja órbita em torno do Sol chega a menos de 50 milhões de quilômetros da órbita terrestre. Mais de 20 mil deles são conhecidos, e todos os anos mais de 700 são adicionados à lista.
“Precisamos deixar claro para o público que não se trata de Hollywood”, afirmou Jim Bridenstine, da Nasa, ao abrir a conferência, citado pela agência de notícias AFP. Seu colega Detlef Koschny, da Agência Espacial Europeia (ESA), concordou: “A coisa boa no desastre de Tcheliabinsk foi que chamou a atenção dos tomadores de decisões políticas para esse perigo.”
A maior incerteza vem de objetos próximos ao Sol, quase invisíveis a partir da Terra devido às condições de luz. Estes só podem ser detectados, quando muito, com telescópios especiais situados no Arizona, Havaí, Chile, Espanha e na Sicília.
Agora os astrônomos também cogitam a construção de outro telescópio espacial para essa finalidade, que rastrearia o espaço de uma perspectiva diferente. Alternativamente, pode também ser construído um telescópio no lado oculto da Lua, com uma visão muito melhor das profundezas do universo por não ser ofuscado pela Terra.
Fonte: Deutsche Welle