Londres é uma das cidades com o ar mais poluído do mundo. Em 2017, os níveis de poluição da capital inglesa superaram os de Pequim, na China. As coisas estão tão ruins por lá que a prefeitura da cidade acaba de aprovar uma das leis mais restritivas do mundo para conter a poluição, multando veículos antigos e poluentes que rodem pela cidade. Uma outra medida, porém, chama atenção pela simplicidade e eficácia. Londres testará o primeiro “BioSolar Leaf” do mundo (Folha BioSolar, em tradução livre), tecnologia que utiliza a fotossíntese de plantas microscópicas para purificar o ar, removendo os gases do efeito estufa do ambiente enquanto gera oxigênio respirável.
A iniciativa tem origem em uma parceria entre o Imperial College London a startup Arborea. A Arborea desenvolveu um sistema de cultivo inovador que facilita o crescimento de plantas minúsculas – como microalgas, diatomáceas e fitoplâncton – em grandes estruturas semelhantes a painéis solares. Estes podem então ser instalados em terrenos, edifícios e outros lugares para melhorar a qualidade do ar circundante.
A equipe diz que o sistema de cultivo da Arborea pode remover o dióxido de carbono e produzir oxigênio respirável a uma taxa equivalente a cem árvores a partir de um painel que ocupa a área de apenas uma única árvore. O sistema também produz uma fonte sustentável de biomassa orgânica da qual a Arborea extrai aditivos alimentares nutritivos para produtos alimentícios à base de plantas.
A Arborea foi fundada pelo ex-aluno do Imperial College London Julian Melchiorri, que completou dois mestrados em Engenharia de Projetos de Inovação em 2014, um curso administrado em conjunto pelo Imperial College London e o Royal College of Art. Em 2017, uma estrutura viva e respirante criada por Melchiorri, que purifica o ar em ambientes fechados usando microalgas, chamada “Lustre Biônico), tornou-se parte da coleção permanente do Museu Victoria And Albert, na capital inglesa.
Segundo matéria publicada no site da Universidade, o Imperial College fará parceria com a Arborea “como parte de seu compromisso para mitigar o impacto ambiental de seu desenvolvimento em White City (distrito de Londres onde o BioSolar Leaf será instalado). O Colégio fornecerá à empresa financiamento para facilitar o desenvolvimento de um piloto ao ar livre de seu sistema de cultivo BioSolar Leaf no White Park Campus South da Imperial City”, explica o texto.
“Estamos orgulhosos por fazer parte do distrito de inovação de classe mundial que está florescendo em White City e animados com esta nova colaboração com a Imperial. Em nossas cidades modernas em constante crescimento, a cooperação entre start-ups, instituições acadêmicas e órgãos governamentais é fundamental para possibilitar e acelerar a inovação sustentável que beneficia tanto a sociedade quanto o meio ambiente. Quando fundei o Arborea, meu objetivo era enfrentar as mudanças climáticas, abordando as questões críticas relacionadas ao sistema alimentar. Esta planta piloto produzirá aditivos alimentares saudáveis e sustentáveis enquanto purifica o ar, produz oxigênio e remove dióxido de carbono do ambiente circundante. Ela proporcionará a oportunidade de aproveitar totalmente a ação dupla BioSolar Leaf da Arborea em condições reais de operação e ajudar a liberar todo o potencial da tecnologia”, anima-se Melchiorri.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 4,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em função da poluição do ar, e 91% da população mundial vive em lugares que excedem os limites das diretrizes da OMS, o que faz da poluição do ar a maior causa de morte no mundo, segundo um novo índice global de qualidade do ar revelado no ano passado.
“A poluição do ar é um dos desafios mais urgentes de Londres, e a Imperial está comprometida em encontrar soluções sustentáveis e resilientes para essa ameaça. Esta colaboração com a Arborea é uma oportunidade excepcional para mostrar o poder da Cleantech no nosso Campus White City. Estamos apresentando soluções sustentáveis que têm o potencial de melhorar os resultados ambientais no oeste de Londres, em todo o Reino Unido e em todo o mundo”, acredita Neil Alford, professor do Imperial College London. [Good News Network, Futurism, Imperial College London]
Fonte: Hypescience