O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reuniram-se neste mês (7) com técnicos rurais do governo da Bahia com o intuito de discutir iniciativas de captação de recursos para projetos sobre mudanças climáticas. As duas instituições financeiras querem ajudar o estado a conseguir capital do Fundo Verde para o Clima, que poderá ser investido no desenvolvimento de regiões semiáridas.
O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reuniram-se neste mês (7) com técnicos rurais do governo da Bahia com o intuito de discutir iniciativas de captação de recursos para projetos sobre mudanças climáticas. As duas instituições financeiras querem ajudar o estado a conseguir capital do Fundo Verde para o Clima, que poderá ser investido no desenvolvimento de regiões semiáridas.
A proposta do FIDA e do BNDES para o Executivo baiano está sistematizada no projeto Semeando Resiliência Climática em Comunidades Rurais do Nordeste, aberto também a outros estados. A iniciativa tem como base três componentes: sistemas produtivos resilientes à mudança climática; acesso à água; e gestão do conhecimento.
O objetivo do programa é transformar o sistema produtivo rural, para aumentar as capacidades de adaptação às alterações do clima, ampliar a geração de renda dos agricultores familiares e preservar os serviços ecossistêmicos.
De acordo com Hardi Vieira, oficial do FIDA no Brasil, a estratégia receberia recursos tanto do fundo agrícola da ONU quanto do Fundo Verde para o Clima, com contrapartida do BNDES.
“Teremos aí um montante total de 202,5 milhões de dólares, aproximadamente 800 milhões de reais. Este projeto dará um passo a mais, além do aspecto produtivo e do que é renda, para que a gente tenha comunidades resilientes ao processo de mudança climática que vem afetando gravemente o semiárido no Brasil”, afirmou o especialista.
Atualmente, o FIDA já apoia a Bahia na implementação do Pró-Semiárido, iniciativa que executa 176 projetos de fortalecimento produtivo em comunidades rurais de 32 municípios do semiárido. O programa é executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional, empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural.
Para o diretor-presidente da estatal, Wilson Dias, o projeto voltado para as mudanças climáticas pode “dar respostas concretas à Lei Estadual de Convivência com o semiárido”. “A Bahia é um estado candidato a fazer captação recurso e dar continuidade às ações do Pró-Semiárido, a partir de 2021”, explicou o dirigente.
O Fundo Verde para o Clima foi criado em 2010 pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O organismo financeiro apoia países em desenvolvimento a limitar as suas emissões de gases do efeito estufa e a se adaptar às mudanças climáticas. O capital da instituição é da ordem de 10 bilhões de dólares.
“O projeto vai abrir novas frentes de trabalho, a exemplo de como conduzir melhor a criação animal, como ter uma relação mais sustentável com a vegetação nativa, conservação do solo e gestão e armazenamento de água. Essa iniciativa reforça a sustentabilidade ambiental, econômica e social”, afirmou Emmanuel Bayle, coordenador técnico do FIDA.
Semiárido no centro das ações do FIDA
A reunião sobre as parcerias em mudanças climáticas aconteceu durante missão de especialistas do FIDA à Bahia, onde os consultores do organismo internacional puderam avaliar o andamento do Pró-Semiárido. O projeto visa áreas do sertão baiano com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Além de ações de capacitação, para que agricultores consigam ampliar seus empreendimentos agrícolas e torná-los mais produtivos, a iniciativa promove medidas para garantir a segurança hídrica das populações beneficiárias. Outra frente de atuação são os projetos de participação das mulheres nos negócios familiares e de inclusão dos jovens. O objetivo é gerar renda entre os moradores do semiárido do estado.
Durante os encontros da missão do FIDA, o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Josias Gomes, destacou a importância de o Pró-Semiárido “chegar a áreas de difícil acesso e com produção rudimentar, como é o caso da comunidade de Brejo Dois Irmãos, na cidade de Pilão Arcado, onde em breve será construída uma agroindústria para beneficiamento do buriti (fruto típico)”.
Cesar Maynart, coordenador do Pró-Semiárido, defendeu a necessidade de investir em ações que gerem autonomia para as comunidades e famílias de agricultores. Segundo o especialista, também é preciso aportar recursos que garantam o acesso de pequenos empreendimentos a mercados locais, como feiras e vendas na comunidade.
“A comercialização é um desafio permanente porque competir com os grandes conglomerados comerciais é complicado”, ressaltou Maynart.
O acordo de empréstimo entre o FIDA e as autoridades baianas para a execução do Pró-Semiárido segue até 2020.
“A parceria continua muito forte junto ao Governo do Estado da Bahia. Este é o terceiro projeto que o FIDA apoia aqui no estado. São três décadas de cooperação. A gente está muito satisfeito com a implementação, acreditamos que a próxima missão, que será realizada em outubro, possa detectar avanços bastante concretos no campo e no trabalho das famílias agricultoras”, completou Hardi Vieira.
Fonte: ONU