Em 1987 foi assinado o Protocolo de Montreal, em que os 150 países participantes se comprometeram a substituir substâncias que destroem a camada de ozônio. Este foi possivelmente o mais bem sucedido acordo internacional de todos os tempos, e a camada de ozônio estava mostrando uma recuperação animadora.
Para quem não se lembra desse problema, vai aqui um resumo rápido: 15 tipos de clorofluorcarbono (CFC) são responsáveis pela redução da camada de ozônio, aquela camada fina e frágil de O3 que fica 25km acima da superfície e protege o planeta dos raios ultravioletas emitidos pelo Sol. Antigamente os CFCs eram muito usados como aerossóis e gases para refrigeração, e são atualmente proibidos em muitos países.
Em 2018, porém, foi observado que as emissões do CFC-11, um dos tipos banidos, estava aumentando e revertendo as melhoras conquistadas a duras penas nos últimos 30 anos. Quem seria o responsável por isso?
Fábricas do Nordeste da China
Agora cientistas conseguiram descobrir quem está emitindo essa substância. A descoberta foi publicada na revista Nature nesta semana, e mostra que o Nordeste da China registrou um aumento de 60% na emissão de CFC-11.
A publicação pode ajudar a China a encontrar as fontes exatas da emissão e impedir que o crime continue acontecendo, antes que isso cause danos maiores na recuperação da camada de ozônio.
Causando estragos desde 2012
A velocidade da recuperação da camada começou a diminuir em 2012, o que indicou a cientistas que havia uma fonte que estava aumentando a emissão de CFC ao invés de diminuir. Começou então a caçada para descobrir exatamente a sua origem.
“O estudo utilizou dados de um ambiente limpo e remoto no Havaí. Isso permite que você determine as mudanças de emissão globais”, explica Matt Rigby ao site Earther. Ele é o autor principal do trabalho e cientista atmosférico da Universidade de Bristol (Reino Unido).
A equipe já desconfiava que a China poderia estar por trás dessas emissões, então eles analisaram dados do Japão e Coreia e utilizaram modelos climáticos. A conclusão foi que houve um aumento das emissões do CFC-11 na China de 6,4 gigagramas por ano entre 2008 e 2012 para 13,4 gigagramas por ano entre 2014 e 2017.
Atraso de anos ou década na recuperação do buraco
O modelo que eles utilizaram para descobrir a fonte das emissões conseguiu localizar o nordeste da China como responsável, mas infelizmente ainda não é possível identificar as fábricas responsáveis. Se as emissões continuarem, elas podem atrasar em anos ou até uma década no reparo do buraco da camada de ozônio.
Além do problema da camada de ozônio, o CFC-11 também é um gás de efeito estufa 5 mil vezes mais potente do que o dióxido de carbono. Apenas essas emissões identificadas na China são equivalentes ao impacto no clima do dióxido de carbono emitido pela cidade de Londres inteira.
Claro que esta região da China não é a única que está desrespeitando o Protocolo, e o aumento do monitoramento de emissões pode ajudar a identificar outros locais problemáticos.
O objetivo do Protocolo de Montreal é que a camada tenha uma recuperação importante até 2060, e as emissões da China estão atrasando este resultado e colocando este inspirador tratado em risco. [Gizmodo]
Fonte: Hypescience