A fotógrafa americana Beth Moon, de 63 anos, vivia em Londres em 1999, quando, durante uma viagem pelo interior, uma enorme árvore no jardim de uma igreja chamou sua atenção.
Era um teixo com tronco de mais de dez metros de circunferência e uma idade estimada em 1,5 mil anos. “Fiquei impressionada e intrigada. Não tinha ideia de que árvores podem viver por tanto tempo”, diz Moon.
Este foi o ponto de partida para o projeto mais longo de sua carreira, iniciado naquele mesmo ano. No trabalho batizado de Portraits of Time (Retratos do Tempo, em tradução livre), ela se dedica a fotografar árvores antigas.
A busca de Moon por estes exemplares já a levou a rodar por Ásia, Europa, Estados Unidos, Oriente Médio e África.
Ela conta que muitas das árvores que fotografou têm uma história interessante, como o carvalho Rainha Elizabeth. Ele foi batizado em homenagem à rainha Elizabeth 1ª, porque a monarca costumava tomar chá sob ele, diz Moon.
Outro exemplo que a marcou foi a um enorme baobá chamado Sagole, o maior exemplar da espécie na África do Sul. “Ele era usado como esconderijo por pessoas que lutavam contra o apartheid nos anos 1970”, afirma a fotógrafa.
O que define uma árvore antiga?
Moon explica que a definição de “antiga” varia de acordo com cada espécie de árvore. O termo é aplicado a um carvalho quando ele tem de 600 a 900 anos de idade, diz a fotógrafa.
“Eles raramente vivem mais que mil anos. Carvalhos com 300 a 600 anos de idade são chamados de veteranos.”
Mas outras árvores vivem por muito mais tempo do que isso, segundo Moon, como o pinheiro bristlecone, sequóias e baobás, por exemplo. “Estas árvores crescem por mais de 1 mil anos, e algumas delas, chegam a 4 mil anos.”
Moon diz que baseia seu trabalho em uma extensa pesquisa em que conjuga livros de botânica com obras de história. Por vezes, recebe dicas de viajantes que conheceram árvores antigas ao rodar pelo mundo.
Ela escolhe as árvores que fotografa com base em alguns critérios, como sua idade, tamanho excepcional ou interesse histórico.
Noites de diamante
“Em 2013, eu soube de dois estudos científicos que relacionavam o tamanho das árvores à luz das estrelas, e achei essa sinergia muito intrigante”, diz Moon.
Ela se refere ao trabalho de pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia, que mostrou que árvores crescem mais em locais onde níveis maiores de radiação cósmica atingem a superfície do planeta.
Os cientistas concluíram que isso tem um impacto maior sobre o tamanho de uma árvore que a média de temperatura anual ou de chuvas.
Moon também usou como referência o livro Vortex of Life (Vortex da Vida, em tradução livre), em que o matemático Lawrence Edwards mostra como botões das árvores mudavam de forma e tamanho em ciclos regulares durante todo o inverno em correlação direta com a movimentação da Lua e dos planetas.
Nesta época, ela estava planejando uma viagem à África e decidiu incluir essa descoberta em suas fotografias na série Diamond Nights (Noites de Diamante, em tradução livre), em que retratou grandes árvores em locais remotos do continente africano, em noites sem lua, para que a luz das estrelas ficasse evidente nos retratos.
Foi também na África que ela descobriu um fato sobre as árvores antigas que a deixou preocupada. Nos países mais ao sul, diz a fotógrafa, elas sofreram com a ocorrência de menos chuvas e o aumento das temperaturas por conta das mudanças climáticas.
“Grandes baobás, muitas vezes reverenciados pelos locais e considerados sagrados, que servem como o ponto central de um vilarejo ou um ponto de encontro, simplesmente desabaram”, diz Moon.
“Quando comecei esse projeto, pensava nestas árvores como seres fortes e resistentes, quase imortais, e testemunhar duas décadas depois a morte de algumas de nossas árvores mais antigas é não apenas inesperado, mas devastador.”
Fonte: BBC