Putin envia militares para combater incêndios florestais na Sibéria

Fogo se alastra por florestas na Sibéria

Fogo se alastra por florestas na Sibéria

Enquanto moradores de cidades na região da Sibéria lutam contra os efeitos da fumaça dos incêndios florestais, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou que militares reforcem os esforços para combater o fogo que está devastando a região.

“Os militares serão envolvidos nos trabalhos de extinção dos incêndios siberianos”, anunciaram autoridades do Kremlin nesta quarta-feira (31/07). Putin ordenou o reforço depois de ler o relatório do ministro de Emergências, Evgueni Zinichev, sobre a situação.

Como resposta às ordens de Putin, o Ministério da Defesa anunciou o envio de 10 aviões IL-76 e 10 helicópteros “com equipamento especial para lançar água” sobre os incêndios de Krasnoyarsk, na Sibéria.

Segundo o Serviço de Proteção Florestal da Rússia, há 147 focos de incêndios na região, sendo que 32 foram extintos nas últimas 24 horas. As chamas já devastaram uma área de quase 3 milhões de hectares. A região de Irkutsk é a mais afetada pelo fogo. Mais de 2,7 pessoas participam dos esforços para conter as chamas.

O Serviço de Proteção Florestal afirmou ainda que outros 321 incêndios em áreas remotas e de difícil acesso estão sendo apenas monitorados e não combatidos, por não ameaçarem centros populacionais e objetos econômicos. “As perdas projetadas no combate a esses incêndios superam seu potencial de danos”, acrescentou a agência.

Especialistas alertam, no entanto, que o dano causado pelos incêndios vai muito além da questão financeira. O Greenpeace afirmou que a situação é uma “catástrofe ecológica” e teme que isso impacte ainda mais no clima, acelerando o aquecimento global.

De acordo com Grigori Kouxine, especialista do Greenpeace Rússia, a fuligem e as cinzas aceleram o derretimento do gelo do Ártico e a camada permanentemente congelada manifesta tendência para encolher este ano, um processo que liberta gases que contribuem para o aquecimento global. “O efeito dos incêndios no clima é muito importante”, adverte.

O Greenpeace lançou uma petição que pede às autoridades russas para que lutem mais contra estes incêndios, principalmente aqueles que ocorrem em áreas remotas.

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) fez um alerta para o círculo vicioso dos incêndios na região. “Tudo começou porque estava muito quente e seco. O fogo libera aerossol, que derrete a neve e acelera as mudanças climáticas, que por sua vez aumentam as temperaturas”, disse Oxana Tarasova, da OMM, à DW.

Entre as causas dos incêndios estão as tempestades secas e um calor “anormal” de 30°C, que foram propagadas por ventos fortes, afetando regiões vizinhas, segundo o Serviço de Proteção Florestal. 

Tarasova afirmou que o mundo enfrentará eventos climáticos cada vez mais extremos à medida que o clima está mudando. “Por exemplo, houve temos precipitação suficiente para inundar metade da Sibéria e amanhã a temperatura sobe para 45°C, tudo seca e começa a queimar. Esse vai e volta de um extremo a outro é um sinal de uma mudança climática de longo prazo”, acrescentou.

A especialista lembra ainda que com a floresta perdida é reduzida a capacidade da Terra de processar o dióxido de carbono. “Se quisermos manter o planeta habitável, precisamos preservar as florestas”, destacou Tarasova.

Fonte: Deutsche Welle