A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, idealizadora do movimento Greve pelo Futuro (Fridays for Future), recebeu nesta segunda-feira (16/09) em Washington o prêmio Embaixador da Consciência, concedido pela ONG Anistia Internacional, por seu trabalho em ressaltar a necessidade de ações urgentes para deter uma catástrofe climática no planeta.
Desde 2018, a jovem estimula milhares de estudantes a deixaram as salas de aula às sextas-feiras para ampliar a conscientização sobre as ameaças impostas pelas mudanças climáticas. O movimento logo ganhou força e resultou em paralisações em 3.804 locais em 161 países. A maior foi em 15 de março, quando cerca de 1,6 milhão de estudantes participaram de uma greve global pelo clima.
A Anistia Internacional destacou a “liderança e coragem únicas na defesa dos direitos humanos” da sueca de 16 anos, que foi aplaudida de pé pela plateia na cerimônia de entrega da premiação na Universidade George Washington, na capital dos Estados Unidos.
“A política necessária para lidar com essa crise simplesmente não existe nos dias atuais”, disse Greta, que decidiu ficar um ano sem estudar para se dedicar à defesa do clima. “É por isso que cada um de nós deve pressionar de todas as formas possíveis para que os culpados sejam responsabilizados e exigir ações das pessoas que estão no poder.”
Greta reiterou que as mudanças climáticas, a poluição do ar e da água e a destruição das cadeias alimentares podem resultar em mortes em larga escala e na “destruição” do planeta.
Esperançosa, ela reconheceu ter percebido um novo “despertar” no mundo. “Ainda que seja lento, o ritmo está acelerando e o debate, se transformando”, observou.
A sueca acrescentou que o prêmio não é apenas dela, mas dos milhares de jovens que participam das greves escolares todas as sextas-feiras, inspirados pelo protesto pacífico que ela iniciou em frente ao Parlamento sueco em agosto de 2018. “Nos vemos nas ruas”, afirmou, ao encerrar seu discurso.
Na próxima sexta-feira, 20 de setembro, Greta e milhares de estudantes em Nova York participarão da chamada Greve Global pelo Clima, juntamente com manifestantes em todo o mundo, inclusive no Brasil. Na Europa, ao menos 400 protestos estão marcados.
No dia seguinte ocorre a primeira Cúpula da Juventude para o Clima, na sede da ONU em Nova York, seguida da Cúpula de Ação Climática na próxima segunda-feira. Convocada pelo secretário-geral da entidade, António Guterres, a reunião visa cobrar os países que mais poluem e que estão longe de suas metas de redução das emissões de gases do efeito estufa.
“Sem humanos não há direitos humanos”
Mais cedo, o secretário-geral da Anistia Internacional, Kumi Naidoo, se disse impressionado com o que Greta e outros ativistas já conseguiram realizar, e com o que ainda poderão fazer no futuro.
“Esse prêmio é um reconhecimento de que eles já fizeram algo que muitos de nós, que já estamos envolvidos há décadas [na causa ambiental], não conseguimos fazer. Eles conseguiram inspirar um número muito maior de pessoas”, observou. “Esses jovens estudantes desempenham um papel muito importante de educar seus próprios pais.”
Para Naidoo, o tema das mudanças climáticas se torna cada vez mais uma questão de direitos humanos e afeta todos os aspectos do trabalho da Anistia Internacional, desde os direitos dos refugiados e dos indígenas à defesa dos direitos dos ativistas, em meio a um número crescente de ativistas ambientais sendo mortos.
“As mudanças climáticas ameaçam a própria capacidade dos humanos de existirem nesse planeta, e sem seres humanos não há direitos humanos”, concluiu.
A Anistia Internacional havia anunciado em junho que Greta e seu movimento Greve pelo Futuro foram os laureados com o prêmio Embaixador da Consciência neste ano. A ONG iniciou a premiação em 2002. Alguns dos agraciados foram o líder sul-africano Nelson Mandela, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai – ambos vencedores do Prêmio Nobel da Paz – e o artista chinês Ai Weiwei.
Fonte: Deutsche Welle