Greenpeace derrama “óleo” em frente ao Planalto

Protesto do Greenpeace em Brasília

Manifestantes foram detidos por suposto crime ambiental. Grupo diz que líquido é a base de maisena e corante preto

Ativistas do grupo ambientalista Greenpeace espalharam nesta quarta-feira (23/10) um líquido preto sobre uma lona em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para simbolizar as manchas de petróleo que castigam o litoral do Nordeste desde o início de setembro. Vestidos de preto e empunhando cartazes, os participantes criticaram a lentidão do governo federal para conter o desastre.

As faixas exibiam mensagens como “Pátria queimada, Brasil”, “Um governo contra o meio ambiente” e “Brasil manchado de óleo”. 

Os manifestantes ainda posicionaram uma série de barris de petróleo em frente ao palácio e várias toras de madeira – neste caso para simbolizar o desmatamento e as queimadas na Amazônia. O tráfego chegou a ser bloqueado em frente ao prédio durante a manhã. 

O grupo informou que o “óleo” despejado foi feito com maisena, água, óleo de amêndoas e corante líquido preto. Ainda assegurou que o material “não é permanente”.

“O governo Bolsonaro comprova, a cada dia, que é inimigo do meio ambiente. A lentidão em resolver problemas, das manchas de petróleo nas praias do Nordeste às queimadas na Amazônia, é reflexo do desmonte ambiental promovido pelo governo e mantém o Brasil no centro das atenções de descasos com o meio ambiente”, disse o grupo em comunicado.

Protesto do Greenpeace em Brasília

Grupo também posicionou toras de madeira para protestar contra desmatamento e as queimadas na Amazônia

Dezenove ativistas foram detidos pela Polícia Militar (PM) do Distrito Federal e levados para uma delegacia. Eles foram liberados após três horas. Em nota, a PM disse que o motivo da prisão foi a suspeita de que o grupo tenha cometido “atividades nocivas ao meio ambiente”.

O presidente Jair Bolsonaro não estava no palácio durante o protesto. Ele está em viagem à Ásia desde o último sábado. Membros do governo, no entanto, reagiram à ação do grupo.

Em sua conta no Twitter, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chamou os manifestantes de “ecoterroristas” e repetiu uma afirmação de que o Greenpeace não estaria ajudando nos esforços de combate às manchas de óleo que já atingiram mais de uma centena de praias do Nordeste.

“Não bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público”, escreveu Salles.

Nao bastasse não ajudar na limpeza do petróleo venezuelano nas praias do Nordeste, os ecoterroristas ainda depredam patrimônio público.

Embedded video

Na segunda-feira, o ministro publicou em sua conta no Instagram uma versão editada de um vídeo originalmente publicado pelo Greenpeace Brasil, sugerindo que o grupo não estava atuando nos esforços de combate ao óleo. O vídeo publicado por Salles era mais curto que o original e suprimia um trecho em que um porta-voz falava claramente que voluntários do Greenpeace estavam atuando na limpeza das praias.

“Ricardo Salles não acionou o plano de emergência a tempo e da forma correta para combater o óleo e, agora, quer jogar a culpa nas ONGs que fazem o trabalho que o governo não faz”, reagiu o grupo, em nota, depois da publicação do ministro.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Salles só acionou o Plano Nacional de Contingência do governo federal, uma diretriz criada em 2013 para lidar com situações de emergência como a do vazamento de óleo, 41 dias depois de terem surgido as primeiras manchas de petróleo no litoral nordestino.

Fonte: Deutsche Welle