O trabalho para a retirada do óleo que atinge as praias do litoral brasileiro desde o final de agosto continua. Marinha, Ibama, ONGs e voluntários seguem monitorando os nove estados nordestinos, mais o Espírito Santo, no Sudeste, atingidos pelas misteriosas manchas, que, nos próximos dias, pode chegar ao litoral do Rio de Janeiro.
Até o momento, de acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira (19/11) pelo Ibama e pela Marinha, o óleo já atingiu 116 municípios e 675 localidades.
O total de resíduos de óleo retirados do litoral da região em pouco mais de dois meses e meio chega a 4,5 mil toneladas. Em nota, a Marinha informa que “a contagem desse material não inclui somente óleo, mas também é composta por areia, lonas e outros materiais utilizados para a coleta”.
De acordo com o diretor de estratégia Costeira e Marinha da ONG Conservação Internacional, Guilherme Dutra, não é possível prever a quantidade de óleo que ainda há no mar. Parte dele pode estar retida em vórtices do oceano, o que significa que ainda haveria mais para chegar às praias. No litoral fluminense, a previsão é de que a substância comece a aparecer nos próximos dias.
“O óleo que chegou à costa da Bahia, aparentemente, está indo em direção ao sul. São pequenas pelotas que fluem, nas correntes costeiras, em direção ao Sudeste, e que chegaram primeiro ao Espírito Santo. Há a expectativa de que cheguem ao Rio de Janeiro. A princípio, essas pelotas têm um efeito menor do que as grandes manchas já observadas em outros locais, como em Canavieiras, depois no Prado, na Bahia”, diz Dutra.
Segundo o Ibama, pontos de praias do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, além de uma extensa área que vai do centro até o sul do litoral da Bahia, ainda apresentam mais do que 10% de contaminação. Vestígios do óleo podem ser encontrados em todos os estados, do Maranhão ao Espírito Santo.
No sul da Bahia, conforme Dutra, depois de Canavieiras e Belmonte, o óleo começou a atingir em maior quantidade às praias de Porto Seguro e Prado, especialmente nas localidades de Caraíva, Corumbau e Cumuruxatiba, aonde continua chegando. Além das praias, manguezais também foram afetados.
Boa notícia em meio ao caos
Uma preocupação dos ambientalistas era que o óleo atingisse em cheio a região e o Arquipélago de Abrolhos, área de maior biodiversidade marinha de todo o Atlântico Sul. Felizmente, segundo Dutra, a substância não foi encontrada nos recifes de corais da região.
“Em Abrolhos, temos feito vários mergulhos, e não foi encontrado óleo. Nem na parte superior, nem no fundo, perto dos recifes. A nossa expectativa é de que, nessa região, não tenha mais nada para chegar. Uma parte entrou em estuários, mas parece que o óleo está sendo levado [para o sul], e, até agora, nada foi identificado nos recifes. Ainda bem”, destaca.
Ele afirma que só será possível afirmar quantas pessoas – dependentes da pesca, por exemplo – foram realmente atingidas pela poluição quando estudos mais aprofundados comprovarem a contaminação ou não dos peixes da região.
“Nosso foco é evitar que o impacto seja ainda maior. Estamos preparando as embarcações de pesca, com apoio também das embarcações de turismo, em um esforço conjunto com pescadores, organizações locais e de Abrolhos, órgãos do governo, que têm se empenhado em treinar as pessoas para podermos identificar e retirar rapidamente o óleo que chega”, conclui.
Fonte: Deutsche Welle