Os incêndios que assolam a Austrália trouxeram avisos de perigo “catastrófico”. Seis pessoas morreram desde o início dessa atual onda, há alsumas semanas.
Mas especialistas alertaram que os eventos podem desencadear o tipo mais perigoso de incêndio florestal — o pirocumulonumbus, geralmente chamado de tempestade de fogo.
São labaredas gigantes e velozes, tão poderosas que criam seus próprios sistemas climáticos semelhantes a tempestades. E devido à sua força, eles são praticamente impossíveis de combater.
Como são criadas as tempestades de fogo?
Em certas condições atmosféricas e do solo, os incêndios florestais podem atravessar uma grande área com tanta energia que geram tempestades acima deles. Este fenômeno é conhecido como pirocumulonumbus.
Normalmente, os incêndios florestais são movidos pelo vento, mas um incêndio maciço pode carregar tanta força que sua fumaça não é empurrada para o lado. Em vez disso, forma uma pluma que sobe a até 15 km de altura no céu.
“Um pirocumulonimbus é basicamente uma tempestade dentro da nuvem de fogo”, diz o professor Jason Sharples, especialista em incêndios da Universidade de Nova Gales do Sul, da Austrália.
O que os incêndios podem fazer?
Quando a tempestade se forma, iss significa que o fogo abaixo será grande, rápido e muito perigoso.
“Isso significa que ele é grande o suficiente para superar quaisquer outras condições”, diz o cientista do clima Jason Evans, também da Universidade de Nova Gales do Sul.
O fogo cresce em periculosidade porque carrega as características de uma tempestade — fortes ventos que podem fazer as brasas se dissiparem por todas as direções. Às vezes, também pode criar seu próprio raio, o que pode causar mais incêndios.
Apesar de ser uma tempestade, não há chuva. Em vez disso, a tempestade suga mais brasas e as lança muito à frente do ponto do incêndio “para que o fogo avance em grandes saltos”, diz o professor Evans.
Isso torna o fogo imprevisível e difícil de combater, pois ele reaparece em várias frentes.
“Quando você tem uma tempestade, a chuva vem de todas as direções”, diz o professor Sharples. “Agora imagine o mesmo para brasas.”
Bombeiros de Nova Gales do Sul, Estado no sudeste da Austrália, informaram que as brasas estavam pousando 30 km à frente da primeira fila de chamas na terça-feira — três vezes mais que a distância usual.
É possível combater esses incêndios?
“Eles são basicamente incontroláveis nessa fase. A única opção é sair do caminho”, diz Evans.
Porém, esses incêndios podem morrer naturalmente se saírem de terrenos acidentados ou forem privados de outros combustíveis.
“Quando você chega ao nível catastrófico, esses incêndios tendem a não obedecer as regras usuais”, diz Sharples.
Eles estão ficando mais comuns?
Quando os incêndios florestais em Nova Gales do Sul se intensificaram na semana passada, alguns foram relatados como tendo produzido nuvens pirocumulonimbus. As autoridades temiam que um incêndio local estivesse subindo para esse nível e enviou um alerta à população. Felizmente, isso não ocorreu.
Embora eles sejam considerados eventos bastante raros, as tempestades de fogo se tornaram muito mais comuns nos últimos anos. Uma delas, em 2009, matou 173 pessoas na Austrália.
Especialistas australianos registraram quase 60 desses eventos desde 2001. Em março deste ano, houve 18 casos registrados durante incêndios no Estado de Victoria. Em Canberra foi registrado um furacão de fogo em 2003.
“Houve um estranho aumento na frequência desses eventos”, diz Evans.
Eles são mais prováveis quando existem condições extremamente perigosas, como altas temperaturas, ventos fortes e pouca umidade. A probabilidade também é aumentada pelos efeitos da seca.
Para cientistas, as mudanças climáticas provavelmente aumentaram as chances de ocorrerem mais tempestades de fogo como essas.
Fonte: BBC