Na última terça-feira (19), a maior cidade da Austrália amanheceu coberta por fumaça. Mesmo a quilômetros de distância dos focos de incêndio, Sydney não ficou imune ao que vem sendo considerada a pior temporada de queimadas no país. Desde o início de setembro, os estados de New South Wales (cuja capital é Sydney) e Queensland têm tentado, em vão, conter o fogo.
Assim como outros países de regiões áridas e quentes, a Austrália frequentemente lida com os incêndios florestais. Desde 1851, eles foram responsáveis por 800 mortes e um prejuízo de bilhões de dólares. Nos últimos anos, porém, têm se tornado mais frequentes e duradouros: as autoridades australianas alertaram que os incêndios atuais podem ficar fora de controle por meses.
Até o momento, 1,6 milhão de hectares e quase 600 casas foram atingidos pelo fogo. Só no estado de New South Wales, uma área cinco vezes maior que a cidade de Londres e três vezes maior que todos os incêndios do ano passado foi perdida. Ao menos seis pessoas e 350 coalas, animal encontrado somente na Austrália, morreram. Os números devem aumentar, visto que um dos focos está avançando em uma reserva que abriga centenas de colônias da espécie.
À medida em que a emergência climática se agravar, a tendência é que situações como a deste ano piorem. Nos anos 1980, o cientista australiano Tom Beer publicou o primeiro estudo que estabeleceu a correlação entre as mudanças climáticas e os incêndios. Apesar de parecer óbvio, a questão não é o aumento da temperatura, e sim a diminuição de umidade relativa do ar.
A Austrália é um dos países que mais contribuem para o efeito estufa no mundo, responsável por 5% das emissões de poluição. Se os planos do governo de expandir a indústria de carvão e de combustíveis fósseis se concretizarem, e o restante do planeta adotar o Acordo de Paris, o país poderá se tornar responsável por 17% de todas as emissões até 2030.
Fonte: Revista Galileu