O derretimento da imensa camada de gelo da Groenlândia está ocorrendo sete vezes mais rápido do que na década de 1990, revelou um estudo publicado nesta terça-feira (10/12) na revista especializada Nature. Os cientistas alertam que esse fenômeno pode colocar milhões de pessoas em risco até o final do século.
Com camadas de até três quilômetros de espessura em alguns lugares, a Groenlândia perdeu 3,8 trilhões de toneladas de gelo desde 1992, o suficiente para elevar em 10,6 milímetros o nível do mar. A taxa de degelo aumentou de 33 bilhões de toneladas por ano registrada na década de 1990 para os atuais 254 bilhões de toneladas ao ano, ou seja, sete vezes mais em apenas três décadas.
De acordo com o estudo, metade do degelo é resultado do derretimento de superfície, outra parte ocorre devido ao fluxo da geleira desencadeado pelo aumento da temperatura do mar. O pico do degelo na região ocorreu em 2011, quando houve uma perda de 335 bilhões de toneladas, que diminuiu para o volume atual.
Cientistas temem que o aquecimento global, causada pelas emissões de gases de efeito estufa, tenham empurrado as camadas de gelo a ponto sem retorno, o que teria consequências catastróficas para a humanidade. Em 2013, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) previu que, se o aquecimento global continuasse no ritmo daquele ano, o nível do mar subiria 60 centímetros até 2100 e ameaçaria 360 milhões de habitantes de regiões costeiras.
O estudo revelou, porém, que o degelo na Groenlândia aumentou mais rápido do que o esperado e corresponde ao cenário mais adverso previsto pelo IPCC, que prevê um aumento de 67 centímetros no nível do mar.
“Como regra geral, cada centímetro de aumento do nível do mar expõe seis milhões de pessoas a inundações costeiras”, afirmou o coautor do estudo Andrew Shepherd da Universidade de Leeds.
De acordo com a atual tendência, 400 milhões de pessoas seriam diretamente afetadas pelo aumento do nível do mar. “Esses não são eventos improváveis ou de pequeno impacto, mas estão acontecendo e serão devastadores para as comunidades costeiras”, acrescentou Shepherd.
O estudo é um do mais completo já realizado sobre o derretimento das camadas de gelo na região. Para calcular as mudanças no volume de gelo entre 1992 e 2018, os pesquisadores analisaram 26 pesquisas, além de utilizar dados de onze satélites. Dados deste ano não foram incluídos na abordagem e podem bater novos recordes devido ao verão com temperaturas a cima da média.
Fonte: Deutsche Welle