Um mergulho no oceano e aulas sobre os diferentes ambientes costeiros no Nordeste do Brasil – essa era a expectativa antes de chegar em Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco, para encontrar com a terceira personagem do projeto Mulheres na Conservação.
Dra. Beatrice Padovani é uma das mais importantes especialistas em conservação marinha do Brasil, pioneira no estudo da biologia da conservação, “uma ciência voltada para o ser humano e o seu lugar no planeta”, como ela própria descreve a disciplina que mais gosta de lecionar. Através dela, Beatrice ensina como construir políticas públicas em conservação marinha unindo ecossistemas, espécies da fauna e da flora e comunidades.
Acompanhamos a pesquisadora durante quatro dias entre final de outubro e início de novembro de 2019, quando pudemos ver de perto a atuação em campo de uma mulher boa de prosa, articulada, cheia de energia e com um bom humor contagiante.
O Brasil possui as únicas áreas de recife de coral do Atlântico Sul e uma das maiores extensões de manguezais do planeta. Com uma série de ambientes interconectados, o país é extremamente dependente do manejo desses recursos marinhos. Essa combinação faz de Beatrice a pessoa certa, no momento certo, em um lugar onde sua participação promove o desenvolvimento, pesquisa e conservação da biodiversidade e da pesca artesanal.
A visita ao litoral pernambucano contou com um triste elemento. O óleo derramado no Oceano Atlântico chegava pela segunda vez na região, atingindo os recifes de coral e adentrando pelas barras de rios e manguezais em trechos do litoral de Pernambuco.
No mangue
O sol nem tinha começado a esquentar em Tamandaré quando partimos de carro, com Beatrice ao volante, a caminho da sede da colônia de pesca Z-07. Nosso mergulho no universo da pesquisadora começou pelo poder de articulação de Beatrice, ou só Bia, como todo mundo a chama por lá.
Beatrice e o Dr. Mauro Maida – oceanólogo, marido e parceiro de vida e pesquisa desde 1988 – começaram a estudar os recifes de coral e as interações humanas no entorno do município de Tamandaré logo depois de chegarem lá, no início dos anos 1990. Apesar do turismo, a região ainda carrega importantes histórias de pescadores, com algumas colônias de pesca artesanal cinquentenárias. Antes do casal, estudos sobre os ambientes costeiros e suas relações com as comunidades, fundamentais para o equilíbrio ambiental, eram poucos, quase inexistentes.
Francisco Assis de Santana, ou Chico da Colônia, nos aguardava quando chegamos. A colônia de pesca nasceu em 1996, mas Chico, que já foi presidente do grupo algumas vezes, conhece Beatrice desde sua primeira incursão na região, em 1993.
Chico guarda na memória o momento do primeiro encontro e a capacidade conciliadora e de diálogo da pesquisadora – caraterísticas ressaltadas por gestores públicos, pescadores, cientistas e todos que já puderam acompanhá-la em ação.
“Ela veio até nós, começou perguntando o número de pescadores, o que pescávamos, como vendíamos, e falou sobre a preservação ambiental, mostrando toda a importância”, diz Chico. “Disse que para tirarmos o nosso sustento tínhamos que preservar. Isso foi sendo multiplicado para os colegas na pesca artesanal e conseguimos realizar um belo trabalho.”
Essa multiplicação foi possível com reuniões onde Beatrice conversava com o os pecadores. “Ela incentivava e mostrava que a razão de fazer tudo aquilo não era para o interesse dela”, diz Chico, “mas sim para o interesse da própria comunidade, que tinha na pesca a principal fonte de renda.”
Ele também ressalta a importância do casal para o que chama de “desenvolvimento social da pesca na região”. Hoje com as colônias articuladas, os pescadores trabalham ouvindo uns aos outros e monitorando os estoques das espécies.
Saímos da Z-07 caminhando rumo ao estuário do rio Formoso, uma área com 2,7 mil hectares de manguezal. Beatrice carrega uma draga para coletar sedimentos e água que serão analisados em laboratório para entender se existiu contaminação por óleo no local.
Subimos no barco do Seu Neco, outro pescador velho conhecido da pesquisadora, e saímos por um trajeto onde a pesca é monitorada há muitos anos por uma rede de pesquisadores, voluntários e pescadores. Junto à tripulação, Beatrice ora trocava impressões com Alessandra Pessoa – voluntária e mestre em ecologia urbana –, ora com Seu Neco– que informa e conscientiza os parceiros de pesca a respeito do estoque –, ora com Rosenildo – jovem pescador que também trabalha coletando dados para a comunidade pesqueira.
Manguezais são ecossistemas delicados e importantes no desenvolvimento e transição para a vida adulta de peixes como o emblemático mero, fazendo uma conexão fundamental para a fauna marinha. Os peixes se reproduzem na quebra da plataforma, as larvas vêm ao sabor da corrente, entram no mangue, desenvolvem-se ali e, quando chegam à fase juvenil, mudam-se para os recifes próximos da costa. Quanto mais protegidos esses ambientes, melhor para as espécies seguirem seus ciclos de vida.
Junto com a sobrepesca, a perda desses habitats são os principais motivos por colocar os meros, cujo nome científico é Epinephelus itajara, em risco de extinção. Globalmente, as populações diminuíram em pelo menos 30% desde os anos 1950 e hoje são classificadas como vulneráveis. No Brasil, o declínio foi de cerca de 80%, o que coloca a espécie na situação de perigo crítico.
Beatrice tem o diálogo como ferramenta profissional desde o início de sua carreira. Ela primeiro se aproxima das comunidades para compreender as necessidades locais, e só depois começa a desenvolver pesquisas que embasam propostas de gestão pública da biodiversidade.
Nascida no interior do Paraná, Beatrice mudou-se com dez anos para o Rio de Janeiro, onde teve seu primeiro check out – jargão usado para descrever a primeira experiência de mergulho. Conhecer as águas das ilhas Cagarras, alguns quilômetros à frente da praia de Ipanema, teve impacto definitiva na então adolescente de 16 anos. “Até o segundo grau, queria ser veterinária ou arqueóloga”, diz ela. “Quando mergulhei pela primeira vez, fiquei maravilhada e decidi que iria estudar alguma coisa sobre a vida no mar. Foi aí que tudo começou”. A graduação em Ciências Biológicas na Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, a levou para as pesquisas de elasmobrânquios – a família dos tubarões e raias – e despertou um interesse especial por estoques pesqueiros.
O passo seguinte foi um mestrado na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no Rio Grande do Sul, onde Beatrice conheceu Mauro e outros colegas com quem trabalha junto até hoje. Como o litoral de Rio Grande não é exatamente bom para mergulho, Beatrice passava boa parte do tempo em barcos de pesca e em longas conversas com pescadores, onde surgiu o respeito e a ligação profunda que ela mantém até hoje.
“Aprendi muito cedo que eles conheciam o mar em todos seus aspectos, desde climatologia, aspectos oceanográficos, padrões sazonais, ciclos das espécies”, diz ela. “Sempre foram uma fonte de conhecimento. Observam padrões de declínios das espécies e às vezes têm referências que a gente não tem – eles estão ali há muito mais tempo.”
Na voadeira do Seu Neco, Beatrice me conta que o conhecimento dos pescadores é responsável por muitos trabalhos de conservação em Tamandaré. São as pessoas ligadas a pesca que primeiro alertam sobre o “sumiço” de certas espécies. Foi assim com o mero.
A partir de relatos de pescadores, uma grande pesquisa nacional foi iniciada para entender seu estado de conservação. Tamandaré tornou-se o primeiro município brasileiro com uma portaria de conservação para a espécie, ainda em 1995. Logo depois, em 1997, o mero entrou como espécie protegida no decreto de criação da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, no litoral sul de Pernambuco. A primeira portaria para proteger a espécie em nível nacional seria publicada em 2002. Em 2007, para aprofundar ainda mais os esforços de conservação do animal e de seu ambiente, Beatriz funda, com ajuda de outros pesquisadores, o projeto Meros do Brasil.
“Eu tive o grande privilégio, convivendo com pescadores e pescadoras, de ver crescer o movimento da pesca no Brasil. Principalmente da pesca em menor escala aqui no Nordeste””, comenta Beatrice. “E de vê-los expressarem o ambientalismo que têm.”
Ter fixado residência na região há tanto tempo foi essencial para criar vínculos de confiança entre as comunidades. “Meus filhos estudaram com os filhos deles, envelheceram com eles. Eu faço parte da geração que mergulhou aqui a vida inteira e que lutou para manter e preservar o local”, conta Beatrice. “O grande orgulho que eu tenho é justamente essa confiança, essa intimidade e estar junto. É ser uma pessoa a mais. Fazer parte é muito bom.”
Na água
No segundo dia partimos logo cedo para a água para finalmente acompanhar Beatrice em seu ambiente natural. “Fui fazer biologia porque queria era mergulhar. Eu quero passar o resto da minha vida fazendo isso”, brinca enquanto vestimos a roupa
A missão tratava de “apenas” ir até os recifes que a equipe monitora, observar a pesca, os corais e fazer censo de peixes. Um recorrido intenso nas águas da APA Costa do Corais, uma unidade de conservação que abrange 14 municípios nordestinos, e criada para conservar os recifes costeiros, os únicos, no Atlântico Sul. Estivemos em áreas que a pesquisadora contribuiu, e muito, para começar a desenhar a paisagem marinha dessa região.
Parte importante do trabalho pioneiro da pesquisadora vem da experiência que teve na Austrália, onde esteve com Mauro pouco antes de chegar a Pernambuco. Beatrice trabalhou na Grande Barreira de Corais estudando o efeito de áreas protegidas em populações de espécies pescadas. O conhecimento foi trazido ao Brasil e desenvolvido, desde então, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste (Cepene), órgão filiado ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Apesar do rigor acadêmico, as pesquisas sempre envolvem as comunidades costeiras na discussão e no monitoramento das políticas.
Entre 1993 e 1995, o principal trabalho foi diagnosticar o estado de conservação dos recifes costeiros desta região. Algo até então inédito.
Navegamos e caímos na água na primeira área reservada no Brasil para estudo e recuperação de ambientes marinhos. A Zona de Preservação da Vida Marinha de Tamandaré tem 400 hectares e há 20 anos é fechada para qualquer atividade humana, exceto pesquisas científicas autorizadas pelo ICMBio. O objetivo é restabelecer as condições ecológicas naturais de uma área que sofreu com sobrespesca, turismo, atividade náuticas que incluíam churrasco em barcos ancorados sobre o recife.
“Ao longo desses 20 anos os ambientes realmente foram se reestabelecendo”, disse Leonardo Messias, chefe do Cepene e colega de faculdade de Beatrice nos anos 1980 na FURG que nos acompanhou em uma das saídas à zona protegida.
De snorkel, embaixo d’água, Beatrice está em casa. Observa cada espaço como se conhecesse como a palma da mão. E conhece. Ela guia o fotógrafo João Marcos Rosa, indicando os melhores pontos para observar a vida marinha conservada, metro a metro.
Todos dentro e fora do barco procuravam por vestígios do óleo que maculou praias de todo o litoral do nordeste. Por sorte, pelo menos não durante nossa visita, nenhum rastro foi encontrado.
Recifes de coral são fundamentais tanto para espécies pescadas para consumo humano quanto para preservar a biodiversidade. As caranhas e o mero, por exemplo, utilizam recifes próximos à costa para se desenvolverem. Quando maiores, voltam para a borda da plataforma e seguem o ciclo de vida.
Além dos Meros do Brasil e das pesquisas da UFPE, Beatrice coordena outros dois projetos no ambiente coralíneo costeiro mais importante do Atlântico Sul – o Programa de Estudos Ecológicos de Longa Duração (Peld) e o Reef Check. Em ambos, oferece seu olhar de integração, conservação marinha e trabalho com comunidades e pesquisadores.
O Peld é um programa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ligado a uma rede internacional de pesquisas de longa duração e tem como objetivo estudar a paisagem marinha a longo prazo.
Beatrice faz o monitoramento em parceria com pescadores e jangadeiros da região e se empolga ao falar da atividade. “Comecei a mergulhar muito jovem, antes mesmo da faculdade, e o que me fascinava mesmo debaixo da água era a paisagem marinha porque é um mundo diferente do terrestre, mas tão complexo e fascinante quanto”, diz ela. “E ainda tem a dimensão líquida da água, do movimento das correntes. Estudamos essa conexão numa escala mais macro e fluida.”
Também parte de um esforço internacional, o Reef Check, que Beatrice implementou no Brasil em 2002, busca recrutar cientistas cidadãos voluntários e treiná-los para monitorar e preservar ambientes recifais.
Da sede do Cepene, em Tamandaré, pudemos observar um grupo de voluntários do Reef Check que, com bastante apreensão, monitorava a segunda chegada do óleo no litoral nordestino. Nesse dia, o óleo tinha acabado de chegar em bastante quantidade em Caravelas, na Bahia.
Na jangada
Mais um dia e mais uma vez acompanhamos Beatrice em seus mergulhos. Ela voltava a Tamandaré depois de passar alguns dias em Recife, trajeto que às vezes faz mais de uma vez por semana. Ela e o marido têm casa em Tamandaré, mas também são professores na UFPE, no campus de Recife. Beatrice dá aulas de graduação e pós-graduação em quatro disciplinas desde 1995, além de comandar um laboratório onde estuda a dinâmica e o ciclo de vida de peixes. “Ser professora é ser eternamente estudante”, diz ela, “você estuda para ser professora e cada vez que entra numa sala de aula, ou cada vez que orienta um aluno, acaba sabendo mais do que sabia antes.”
Esse terceiro dia na água foi um pouco diferente. Navegamos em jangadas até Pirambu, uma região próxima à zona fechada de pesquisa, onde a associação dos jangadeiros de Tamandaré tem forte ligação e colaboração com os pesquisadores e seus estudos.
Fui a bordo da jangada do Antônio Soares da Silva, o Tonho, que pesca, mergulha, faz atividades turísticas e também monitora corais. Ele queria mostrar para Beatrice como um trecho do recife que o mantinha preocupado já estava se recuperando. Uma alegria genuína, de quem entende que quando temos ambientes conservados só temos respostas positivas da natureza. Tonho se considera ambientalista.
Ao ouvir as conversas de amigos entre Bia e Tonho, soube que eles fazem parte da segunda geração de mergulho na região. Me dei conta de como é transformador para a conservação ter uma figura tão carismática e aberta ao diálogo, sem nunca ter arreado o pé da comunidade.
Passamos quase o dia todo submersos na APA Costa do Corais. A paisagem azul se intercalava com as cores dos recifes coralíneos coloridos, repletos de ouriços, lagostas e jovens peixes que ali habitavam antes de cumprir seu ciclo e partir mar afora.
Durante todo o tempo, a apreensão com relação ao óleo que se deslocava sem controle pelo litoral era grande. “Meu sentimento é um misto de desespero e esperança”, comenta Beatrice. “Desespero porque é assustador perceber o quanto a gente está mal preparado e é vulnerável, com uma costa de frente para correntes oceânicas. Por outro lado, tenho esperança porque essa tragédia trouxe para nós, e talvez para todo mundo, uma percepção do quanto as pessoas amam o mar e como ele é parte da vida delas.”
Atrás dos meros
No último dia de convívio com Beatrice fomos para o ambiente que nos faltava, o azul profundo.
Navegamos por uma hora saindo de Recife para fazer dois mergulhos, a mais 20 metros de profundidade, no Parque Artificial de Naufrágios de Pernambuco, uma série de embarcações afundadas acidental ou propositalmente que atrai uma diversidade de fauna marinha.
“Ser uma mulher na conservação é não acreditar quando te disserem que as coisas não são possíveis, não desistir nunca, ter muito amor pelo que se faz e pensar sempre no futuro da humanidade como um todo.”
POR BEATRICE PADOVANI BIÓLOGA MARINHA
O objetivo era encontrar grandes meros no seu ambiente preferido. Por serem espécies territorialistas, “eles adoram um barco naufragado”, brinca Beatrice.
A bordo de um barco que leva turistas para mergulhar, Beatrice atualiza informações com o chefe da operadora sobre a avistagem de meros nas saídas. A troca de conhecimento é importante para os dois lados, tanto pesquisadores – que coletam dados sobre o comportamento dos animais – quanto para os operadores de mergulho – que recebem informações em primeira mão sobre os estudos e as transmitem aos clientes, ávidos por avistar os peixes.
Logo no primeiro mergulho, encontramos um residente fixo: um mero com cerca de 150 kg nos observava tranquilamente.
Além de impulsionar a economia através do turismo, encontros com um peixe tão imponente e bonito também estimulam sua conservação. É um presente para qualquer mergulhador estar na água e encontrar um animal dessas proporções. O mero é um peixe emblemático em muitos sentidos da conservação marinha. Para sobreviver, ele precisa de todos os ambientes do seu ciclo de vida conservados – manguezais, recifes de coral e oceano aberto. Não por acaso, o trabalho de Beatrice passa por todos esses ecossistemas.
Um mês depois de nosso mergulho, Beatrice nos envia uma foto recebida de um mergulhador. O nosso mero, aquele gigante bonachão, estava com uma grande ferida na mandíbula, fruto de uma tentativa de pesca, outra grande ameaça para a conservação da espécie e uma evidência de que o trabalho de conscientização deve ser constante.
“O mero é uma espécie extremamente vulnerável, de crescimento lento, fácil de capturar, de porte enorme e que é acessível”, diz Beatrice. “A sobrevivência dela depende da nossa capacidade de compreender o poder e a responsabilidade que temos sobre as outras espécies que habitam nesse planeta.”
Beatrice Padovani entende o ambiente como um todo, com ecossistemas, espécies e pessoas integrados. E essa foi a grande lição durante esses dias com mais uma fantástica mulher da conservação no Brasil. Enquanto ajuda a desenhar a paisagem marinha brasileira, o trabalho de Beatrice tenta mudar o destino do mero, de Tamandaré e da pesca artesanal.
“Estamos trabalhando por uma melhor coexistência no planeta. Eu acredito nisso”, diz ela. “Ser uma mulher na conservação é não acreditar quando te disserem que as coisas não são possíveis, não desistir nunca, ter muito amor pelo que se faz e pensar sempre no futuro da humanidade como um todo.”
Fonte: Paulina Chamorro – National Geographic