Na próxima terça-feira (14) será inaugurada a Estação Antártica Comandante Ferraz, nova base de pesquisa brasileira na Antártica. A construção, que substitui a instalação perdida por um incêndio em 2012, é considerada parte do território nacional.
Cientistas da Fiocruz terão um laboratório exclusivo de microbiologia para pesquisar fungos que só existem no local. A Agência Internacional de Energia Atômica também participará de pesquisas por lá. A estação está adaptada para receber pesquisadores das áreas de oceanografia, glaciologia e meteorologia. Ao todo, são 18 pesquisas em andamento que envolvem mudanças climáticas, monitoramento da camada de ozônio e produção de medicamentos.
Os dois edifícios baixos, projetados pelo escritório de arquitetura Estúdio 41, abrigam laboratórios, suporte operacional e alojamentos. Ao todo, são 4.500 m² que acomodarão até 64 pessoas.
“A construção foi desenhada para resistir a ventos de até 200 km/h e suportar temperaturas negativas entre -20 e -30 graus, comuns no continente antártico”, relata o arquiteto Emerson Vidigal, um dos autores do projeto. A elevação do prédio em relação ao solo também tem a ver com as características da região. “Quando se constrói dessa forma, a passagem do vento evita o acúmulo de neve, varrendo naturalmente o espaço entre a edificação e o chão”, esclarece Vidigal .
A maior preocupação dos arquitetos foi a segurança, por isso, entre todas as unidades da base foram instaladas portas corta-fogo e também foram colocados sensores de fumaça e alarmes de incêndio.
Outro ponto importante é a sustentabilidade e a autossuficiência do edifício. “Consideramos a eficiência energética da edificação em níveis adequados para garantir o conforto dos usuários em um local bastante inóspito. Assim, apostamos na produção da sua própria energia, tratamento da água de consumo e também do esgoto. Todo o lixo produzido no local é separado e embalado para retornar ao Brasil”, diz Emerson.
Segundo o Almirante Guida, secretário da Comissão Interministerial para Recursos do Mar, a nova base facilita os processos de pesquisa. “A construção antiga funcionava como um alojamento para os cientistas. A nova traz a possibilidade de realizar os projetos e trazer os resultados finalizados”, conta.
O governo federal investiu cerca de US$100 milhões na construção da unidade, que recebeu os equipamentos modernos e foi pré-fabricada na China antes de ser finalmente montada na Antártica.
Fonte: Revista Galileu