Uma equipe internacional de pesquisadores teve uma ideia pioneira: equipar 169 albatrozes com sensores de identificação de embarcações e soltá-los na região sul do Oceano Índico. O objetivo do experimento era identificar navios de pesca que estivessem operando de forma ilegal. E seu resultado foi bastante positivo: dos 353 barcos flagrados pelos pássaros durante os seis meses de estudo (de dezembro de 2018 a julho de 2019), cerca de 88 eram suspeitos de agir na ilegalidade.
O número se refere apenas às embarcações que navegavam por Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) – região para além das águas territoriais, que ainda pertencem à jurisdição de um país. Em áreas marítimas que são “terra de ninguém” a pesca não é exatamente proibida, apesar de ser preciso declará-la. Mas os números mostram que muitos não respeitam as regras. Dos barcos avistados, 36% tinham o sistema de identificação automática desligado, por exemplo.
Esse sistema ajuda os navios a evitar colisões com outros – pois podem visualizá-los no rastreador –, e permitem sua identificação em alto mar pelas autoridades. Os sensores colocados nos albatrozes captam o sinal a uma distância de 30 quilômetros e identificam se o sistema está ligado ou não.
Mas, por que os albatrozes? A escolha pelo pássaro se explica por sua capacidade de viajar longas distâncias e por serem facilmente atraídos por navios de pesca. A ideia é que a ferramenta sirva como complemento para o monitoramento por satélite, que nem sempre é eficiente. Entre os pontos negativos para o uso de satélites, estão seu custo alto e sua velocidade – que pode ser um pouco lenta.
De toda forma, as aves também não entregam um serviço completo – pelo menos por enquanto. Para que seja possível colocar a espionagem de certas regiões prática, seria preciso o auxílio de ornitólogos (especialistas em aves) para coordenar melhor a ação dos espiões emplumados.
Estima-se que atividades de pesca ilegais signifiquem um prejuízo de quase US$ 23 bilhões por ano. Além disso, põe o meio ambiente em risco, já que destroem habitats marinhos.
Fonte: Carolina Fioratti – Super Interessante