A definição de consciência, adotada por estudo recente, está relacionada com a capacidade do indivíduo de experimentar o ambiente e os estados internos. Nesse sentido, recuperar a consciência depois de muito tempo com sinais intermitentes de consciência básica é extremamente raro. Já recuperar de um longo período em estado vegetativo, totalmente sem resposta, é praticamente impossível.
Por isso, a ideia de reanimar um cérebro em coma é radical. Porque não sabemos como os pulsos elétricos criam nosso repertório de experiências internas e externas. Além disso, mesmo existindo teorias variadas sobre a consciência, não se sabe exatamente em qual parte do cérebro estão os correlatos neurais da consciência, mecanismos básicos para essas experiências.
No entanto, novo estudo realizado com macacos encontrou pistas relevantes sobre o lugar ocupado pela consciência no cérebro. A equipe de pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, se baseou em pesquisas realizadas anteriormente.
A principal motivação do estudo é ajudar pessoas com desordens da consciência a viver melhor, de acordo com autora líder do estudo, Michelle Redinbaugh. Para isso, é necessário primeiro entender o mecanismo mínimo para a consciência, assim, clinicamente, o foco pode estar na área correta. O estudo ainda pode ajudar a melhorar a anestesia.
Estudo com macacos
Para realizar a pesquisa foram utilizados eletrodos nos cérebros de dois macacos acordados, dormindo e sob efeito de diferentes formas de anestesia. A equipe de pesquisadores identificou o tálamo lateral central como uma região específica que atua como uma espécie de caminho no cérebro de macacos para manter a consciência. Essa área também foi identificada como um mecanismo que poderia ser usado para “ativar” a consciência.
Os pesquisadores estimularam um pedaço de tecido cerebral dentro do tálamo como parte importante do correlato neural da consciência. Assim, eles recuperaram a consciência de macacos sob forte anestesia, com a aplicação de pequenos impulsos elétricos. Acontece que a consciência dos indivíduos parou junto com o estímulo.
Quando o estímulo despertou os macacos eles abriram os olhos, houve alteração na expressão e eles estenderam os braços. Além disso, os indivíduos responderam a estímulos externos e sons fora do comum, o que sugere alto nível de consciência. Isso com anestesia ainda sendo administrada.
Controle da consciência
Esse é um dos primeiros estudos a indicar os circuitos neurais exatos que conectam o tálamo com partes do córtex. Esses funcionam como controles da consciência que podem ser manipulados com estimulo do cérebro.
Mas isso não quer dizer que foi encontrado o lugar exato ocupado pela consciência no cérebro. Porque, de acordo com Redinbaugh, é pouco provável que a consciência se restrinja a um local específico do cérebro. Estudos anteriores já mostraram que para manter a consciência, a atividade se espalha por todo o cérebro. No atual estudo, o que a equipem demonstrou é que o tálamo ocupa um papel chave nesse processo.
A equipe de pesquisadores usou eletrodos para enviar pequenos impulsos elétricos para diferentes áreas do cérebro dos macacos dormindo ou sedados. Apenas quando o impulso foi enviado em frequência específica para o tálamo lateral central os macacos acordaram, mesmo quando sob efeito de forte anestesia.
Conforme os macacos alteraram entre consciência e inconsciência, os cientistas conseguiram ligar o estado consciente a dois ingredientes chave. Um circuito leva informações sensoriais do tálamo para o córtex cerebral. Outro caminho devolve resposta sobre previsões, prioridade de atenção e objetivos. Os pesquisadores concluíram que é o tálamo lateral central que ativa e mantém esses dois mecanismos. [Live Science, Singularity Hub, Neuron]
Fonte: Hypescience