A ambientalista Greta Thunberg criticou duramente o projeto de lei apresentado pela Comissão Europeia nesta quarta-feira (04/03) para alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Ela acusou a UE de “fingir” querer ocupar posição de vanguarda mundial na proteção do clima.
“A União Europeia tem que parar de fingir que pode ocupar a liderança climática e ainda continuar construindo e subsidiando novas infraestruturas de combustíveis fósseis”, disse a ativista sueca, durante audiência no Parlamento Europeu, para a qual foi convidada.
Thunberg discursou diante dos eurodeputados no mesmo dia em que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou um novo projeto de lei que Bruxelas considera a pedra angular do chamado “European Green Deal” (Acordo Verde Europeu) para combater as mudanças climáticas. O nome do plano faz referência ao “New Deal” lançado pelo governo americano nos anos 1930 para combater os efeitos da Grande Depressão.
A adolescente de 17 anos disse que, apesar de “desconsiderar” a ciência, a UE tem esperança de que seu plano “resolverá, de alguma forma, a maior crise que a humanidade já enfrentou”.
“Isso deve acabar”, apelou.
Thunberg participou como convidada de uma reunião de altos funcionários da UE que aprovou uma proposta para tornar lei a meta da UE de reduzir a zero as emissões de CO2 até meados do século.
A lei obrigaria os 27 Estados-membros da UE a equilibrar as emissões poluentes e a remover gases de efeito estufa – por exemplo, através do uso de tecnologia de captura de carbono e reflorestamento – nos próximos 30 anos.
O texto, uma vez ratificado, também daria ao executivo da UE novos poderes para impor metas de emissão aos governos dos Estados-membros.
“Quando sua casa está pegando fogo, você não espera mais alguns anos para começar apagá-lo”, comparou Thunberg. “Quando a UE apresenta essa lei climática e de zero emissão até 2050, você indiretamente admite que está se rendendo, que está desistindo”, afirmou.
Sob sua agenda do Green Deal, o Executivo da UE quer que a meta de redução das emissões de gases de efeito estufa a zero até meados do século seja irreversível e juridicamente vinculativa para todos os membros do bloco. “Esta lei climática sedimentará a posição da Europa como líder climático no cenário global”, afirmou presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Para estabelecer 2050 como meta, a Comissão Europeia propõe um mecanismo para aumentar paulatinamente a meta de redução de emissões da UE nas próximas três décadas. No entanto, não há plano para aumentar a meta geral de emissões do bloco para 2030.
Este ponto em particular foi criticado por ativistas climáticos, que afirmam que atrasar a meta atualizada de 2030 é prejudicial para a credibilidade do bloco na luta contra as mudanças climáticas.
A Comissão apenas afirmou que apresentaria um plano “responsável” até setembro, sobre como elevar sua atual meta de 2030 de redução gases do efeito estufa em 40% dos níveis de 1990 para “pelo menos 50% e em direção a 55% “.
O grupo ambientalista Greenpeace manifestou preocupação de que os governos da UE “acharão extremamente difícil concordar com uma nova meta” antes da próxima rodada de negociações climáticas da ONU em Glasgow, na Escócia, em novembro.
Vários Estados-membros também expressaram preocupação e pediram à Comissão que inclua uma meta para 2030 “assim que possível e até junho de 2020, o mais tardar, para avançar discussões em tempo hábil”.
Em uma carta aberta divulgada nesta terça-feira, 34 jovens ativistas climáticos, incluindo Greta Thunberg, reclamam que, em vez de estabelecer objetivos a longo prazo, a UE deveria se ater às emissões atuais de dióxido de carbono no momento, caso o mundo queira atender aos compromissos assumidos há cinco anos na cúpula climática de Paris.
Fonte: Deutsche Welle