Pesquisador alemão diz que camada de ozônio sobre o Ártico está mais fina. Fenômeno se deve a massas de ar especialmente frias. Afinamento já havia sido descrito em 2011.
Um cientista alemão detectou o que diz ser o primeiro buraco na camada de ozônio acima do Polo Norte. Nas últimas duas semanas, a espessura da camada sobre o Ártico vem mostrando estar menor do que a que define o buraco sobre a Antártida, no Polo Sul. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (25/03) por Markus Rex, diretor do departamento de Física Atmosférica no Instituto alemão Alfred Wegner.
“Nas áreas de espessura máxima da camada de ozônio, a perda é de cerca de 90%”, disse Rex. Isso equivale a uma área três vezes o tamanho da Groenlândia. Segundo Rex, o buraco afeta uma área total de 20 mil quilômetros quadrados.
O pesquisador explicou que o afinamento da camada de ozônio na região se deve a um vórtice polar especialmente forte no inverno deste ano no Hemisfério Norte, combinado a baixas temperaturas na estratosfera, onde fica a camada de ozônio.
O vórtice polar é um ciclone persistente de ventos frios ao redor dos polos de um planeta. Esses turbilhões costumam ser mais fortes no inverno e diminuem ou podem até desaparecer no verão – assim como o buraco na camada de ozônio na Antártida, que tende a diminuir no verão do Hemisfério Sul.
“No momento, essas massas de ar ainda estão concentradas por cima do Ártico central – por isso, as pessoas na Europa não precisam se preocupar em se queimar de sol mais rapidamente do que de costume”, afirmou o alemão. Ele não descartou, porém, que essas massas de ar se desloquem do Ártico central para a Europa em abril.
O afinamento da camada de ozônio sobre o Ártico já chegou a ser observada em 2011 e foi detalhado num artigo publicado na revista científica Nature. “Pela primeira vez no período observado, a destruição química do ozônio no Ártico, no início de 2011, foi comparável à do buraco sobre a Antártida”, explicaram os autores, na época.
Eles ainda lembraram que o buraco sobre a Antártida é um fenômeno sazonal. “A remoção praticamente completa de ozônio costuma resultar numa fissura todo ano, enquanto a perda de ozônio no Ártico é altamente variável e, até agora, foi mais limitada”, acrescentaram.
A redução do ozônio na atmosfera que costuma ocorrer na Antártida acontece porque as temperaturas na região são as mais baixas em todo o planeta. No Ártico, as temperaturas não costumam ser tão frias. No inverno polar, surgem concentrações de cloro em nuvens nas camadas mais estratosféricas (altas) da atmosfera. O cloro acelera a destruição do ozônio.
Nos anos 1980, a produção dos chamados CFCs, ou clorofluorocarbonetos, foi proibida em vários países porque os compostos usados como aerossóis e gases para refrigeração contribuíam para diminuir a camada de ozônio. “Sem essa proibição, a situação este ano seria muito pior”, constatou Rex, que lembrou que esse tipo de substância é muito durável.
O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida foi descoberto em 1985 e levou à aprovação do Protocolo de Montreal, acordo ambiental internacional com o objetivo de eliminar substâncias que reduzem a camada. Desde a adoção do acordo em 1987 até 2014, mais de 98% dessas substâncias foram eliminadas, diz o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Em 2019, o buraco na camada de ozônio registrou sua menor extensão em cerca de 30 anos. O ozônio funciona como um tipo de filtro solar que protege a Terra da radiação ultravioleta. Em seres humanos, os raios podem causar doenças como câncer de pele.
Fonte: Deutsche Welle