BRASÍLIA (Reuters) – O desmatamento na Amazônia brasileira e no bioma vizinho, o Cerrado, pode estar prejudicando as produtividades regionais de milho, de acordo com um novo estudo divulgado nesta segunda-feira.
Aproximadamente um quinto da Amazônia brasileira foi derrubada nos últimos 50 anos, quando o país passou de importador de alimentos a potência agrícola global. Em termos de milho, o Brasil é hoje o segundo maior exportador do mundo, só atrás dos Estados Unidos.
Mas a devastação da floresta, que inclui mais de metade da vegetação natural do Cerrado, tornou a região mais quente —e este calor está associado a menores produtividades de milho, relataram cientistas no periódico científico Nature Sustainability.
“A paisagem está ficando muito mais quente do que deveria”, disse Stephanie Spera, coautora do estudo e cientista ambiental da Universidade de Richmond.
“Estamos mexendo tanto com o sistema que podemos acabar não conseguindo mais fazer agricultura, especificamente o milho.”
Os pesquisadores ligaram o desmatamento a uma redução de 5-10% das produtividades de milho na maior parte do Mato Grosso, o Estado brasileiro que mais produz grãos.
As plantações de soja mostraram-se menos sensíveis que o milho às mudanças climáticas.
Em Mato Grosso, também o maior produtor de soja do país, produtores geralmente plantam a oleaginosa na primeira e maior safra, para a colheita no verão, e depois semeiam o milho, na segunda safra, a partir de janeiro e fevereiro.
Pelo calendário de cultivo, a soja tradicionalmente obtém melhores condições climáticas para se desenvolver, enquanto o milho é considerado uma cultura de maior risco, porque seu período de desenvolvimento avança para uma época em que chove menos no Estado.
Spera e seus colegas usaram simulações de computador para ver como várias projeções de desmatamento impactariam as condições climáticas locais e o rendimento das colheitas, e compararam estes casos com a maneira como as colheitas poderiam ter sido sem o corte de árvores.
Fonte: Reuters