Símbolo do Cerrado, a espécie vai estar mais próxima da população brasileira a partir de agosto de 2020. Conheça os hábitos e características do maior canídeo silvestre da América do Sul.
O Chrysocyon brachyurus, conhecido popularmente como lobo-guará, vai estar ainda mais presente na vida dos brasileiros a partir de 2020. O animal, símbolo do Cerrado brasileiro, foi o escolhido para estampar a nova cédula de R$ 200, que deve ser lançada no fim do mês de agosto. Essa é a primeira vez, desde 2002, que o Banco Central institui um novo valor de cédula para a moeda brasileira.
A notícia causou alvoroço nas redes sociais, mas o Banco Central não divulgou o desenho nem outros detalhes da nova cédula. Apesar de ser um animal emblemático do Cerrado, o lobo-guará tem uma distribuição ampla pelo território brasileiro. É possível encontrá-lo em áreas de transição com a Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica, Pampa, além de Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai.
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Essa é uma importante oportunidade de trazer visibilidade para a situação da espécie: apesar da ampla distribuição, a população dos lobos-guarás está declinando.
Na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente, o mamífero figura na categoria de Vulnerável, embora conste também no catálogo da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como Quase Ameaçada. Números estimados baseados em estudos de algumas áreas de ocorrência contabilizam 24 mil indivíduos sobreviventes em todo o Brasil. A situação da espécie é crítica sobretudo no Rio Grande do Sul do Brasil, onde estima-se que existam apenas 50 indivíduos.
Canídeo de hábitos oportunistas
O lobo-guará é o maior canídeo silvestre da América do Sul e tem hábitos alimentares oportunistas. Caça tanto pequenos vertebrados – como roedores, aves e répteis – quanto artrópodes. Em alguns casos, foram encontrados restos de animais de grande porte, como veados-campeiros, nas fezes do lobinho. No entanto, pesquisadores não chegaram a um consenso sobre se os lobos-guarás atacam essas presas ou apenas consomem carcaças já mortas.
No cardápio, também estão inúmeras frutas, como a fruta-do-lobo, ou lobeira. Os lobos-guarás as comem aos montes, e como elas saem quase intactas no cocô, eles desempenham um papel de dispersores e contribuem para a manutenção da espécie vegetal. Para caçar ou comer as frutinhas, os lobos preferem o fim da tarde e a noite. Em geral, fazem isso sozinhos, mas também podem estar acompanhados de um parceiro – são animais de hábitos monogâmicos – ao longo do período reprodutivo.
Eles vivem em áreas que variam de 20 km² a 115 km², a depender da disponibilidade de alimentos, e são bastante territorialistas. Para marcar presença, usam fezes e urina, além de uma vocalização características que também serve para se comunicar com os parceiros e filhotes. Estes vêm em ninhadas de até cinco animais depois de uma gestação que não passa de 65 dias.
O lobo-guará prefere áreas abertas para morar, como campos e matas de capoeira. Por conta disso, a espécie tem sido avistada em regiões de cultivos e pastagens onde antes havia florestas. O que não significa que eles estejam em uma situação confortável: alterações nos seus habitats, conflitos com humanos e atropelamentos fazem com que este número tenda a cair.
Fonte: National Geographic Brasil