As mudanças climáticas quase dobraram a ocorrência de desastres naturais nos últimos 20 anos. Os líderes mundiais fracassam na tentativa de evitar que a terra se torne um “inferno inabitável” para milhões de pessoas, alertou nesta segunda-feira (12/10) um relatório das Nações Unidas.
Ao menos 7.348 desastres naturais ocorreram entre os anos 2000 e 2019, o que resultou na perda de 1,23 milhões de vidas e afetou 4,2 bilhões de pessoas, além de custar à economia global em torno de 2,97 trilhões de dólares (aproximadamente 16,4 trilhões de reais). As informações constam no relatório O Custo Humano dos Desastres 2000-2019, elaborado pelo Escritório da ONU para Redução do Risco de Desastres.
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Segundo a agência, as últimas duas décadas viram o número de desastres causados pelo clima extremo quase duplicar, de 3.656 entre 1980 e 1999 para 6.681 no período recente. Os quase 3 trilhões de dólares em perdas na economia global causadas pelos desastres são quase o dobro do total registrado nas duas décadas anteriores.
“Somos obstinadamente destrutivos. Essa é a única conclusão a que podemos chegar”, afirma a representante especial do Secretariado-Geral da ONU para Redução do Risco de Desastres, Mami Mizutori, enquanto minguam no planeta as ações de combate às mudanças climáticas e outras ameaças.
A piora das enchentes e tempestades é responsável por 4/5 do total de desastres entre 2000 e 2019. Foram registrados também aumentos significativos na ocorrência de secas, incêndios florestais e ondas de calor. O relatório destaca que o calor extremo se torna cada vez mais mortal. Outros desastres de grande impacto são os terremotos e tsunamis.
A agência da ONU culpa os líderes mundiais não apenas pela falta de ação política para frear o aquecimento global, mas também por fracassar no combate à pandemia de covid-19, que contaminou mais de 37 milhões de pessoas nos últimos nove meses.
“A covid-19 é apenas a última prova de que os líderes da política e dos negócios ainda não entraram em sintonia com o mundo à sua volta”, disse Mitzutori, em nota.
Apesar de o relatório exaltar países como Índia e Bangladesh por aumentarem seus esforços e possibilitarem a evacuação de milhões de pessoas de regiões devastadas por enchentes e ciclones, o documento também destaca que essas nações estão na contramão, assim como nações industrializadas, na redução de emissões de gases que causam o aquecimento global.
Lançado na véspera do Dia Internacional para a Redução de Riscos de Desastre, o relatório se baseia em estatísticas do Banco de Dados de Eventos de Emergência, que registra todos os desastres que fazem dez ou mais vítimas, afetam mais de 100 pessoas ou resultam em uma declaração de estado de emergência.
Segundo os dados, a maior parte dos desastres naturais nos últimos 20 anos ocorreu na Ásia, com 3.068 ocorrências, seguida das Américas, com 1.756 e África com 1.192. Na análise por país, a China está no topo da lista, com 577 eventos, seguida dos Estados Unidos, com 467.
“Se trata, de fato, de boa governança, se quisermos manter esse planeta livre do flagelo da pobreza, futuras perdas de espécies e biodiversidade, explosão de riscos em áreas urbanas e das piores consequências do aquecimento global”, ressaltou Mizutori.
Fonte: Deutsche Welle