Quando pensamos em um deserto, imaginamos pouca vegetação, não é mesmo? Porém, de acordo com um estudo publicado na revista Nature na última quarta-feira (14), essa não é a realidade do Saara ocidental e do Sahel, localizados na África. Segundo imagens de satélite e inteligência artificial utilizadas pelos cientistas, existem cerca de 1,8 bilhão de árvores na região, espalhadas por 1,3 milhão de quilômetros quadrados — equivalente a 2,5 vezes a área da França.
“Ficamos muito surpresos com a quantidade de vegetação crescendo no deserto do Saara“, disse o autor principal, Martin Brandt, professor assistente de geografia da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, à AFP. “Certamente existem vastas áreas sem árvores, mas ainda existem outras com uma alta densidade delas, e mesmo entre as dunas de areia, há algumas crescendo.”
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A pesquisa fornece dados que podem ajudar a orientar os esforços para combater o desmatamento e medir com mais precisão o armazenamento de carbono na terra.
“Para preservação, restauração, mudança climática e assim por diante, dados como esses são muito importantes para estabelecer uma linha de base”, disse Jesse Meyer, programador do Goddard Space Flight Center, da NASA, que ajudou a coletar as informações.
A ideia é que, daqui para frente, o estudo seja repetido rotineiramente para medir se os esforços para diminuir o desmatamento na região estão sendo eficazes ou não.
Metodologia
A localização e, principalmente, a contagem das árvores foram grandes desafios para os cientistas. Isso porque áreas com muitas delas são claras nas imagens de satélite, porém, onde a vegetação é mais espalhada, os satélites têm grande dificuldade para detectar os exemplares.
Além disso, contar árvores individualmente, especialmente em vastas áreas do território, é uma tarefa quase impossível. Para isso, Brandt e sua equipe combinaram imagens capturadas com inteligência artificial: um programa de computador fez o trabalho por eles. O sistema já havia sido testado contando cerca de 90 mil árvores em um processo que demorou cerca de um ano.
Segundo Brandt, é muito cedo para dizer se a contagem afetará a forma como entendemos as mudanças climáticas e sua aceleração. Ele espera agora usar a técnica em outro lugar, para mapear mais árvores antes escondidas nos 65 milhões de quilômetros quadrados de regiões áridas do mundo.
Fonte: Galileu