A plataforma de equipamentos do Observatório Arecibo desabou logo depois das 8h, horário local, em 1º de dezembro, caindo de uma altura de 140 metros sobre a enorme antena parabólica do telescópio – um final catastrófico que cientistas e engenheiros temiam ser iminente depois que vários dos cabos que sustentavam a plataforma se romperam nos últimos meses. Ninguém se feriu quando a plataforma de 900 toneladas perdeu a batalha com a gravidade, de acordo com funcionários do observatório em Porto Rico.
O telescópio em si foi destruído, mas o tamanho dos danos nas estruturas próximas ainda não foi determinado. Fotos aéreas indicam que a plataforma provavelmente fez um movimento de pêndulo antes de bater na face de uma rocha vizinha. Partes dela, incluindo o grande domo que abrigava um complexo sistema de refletores, se espatifaram próximo ao centro do disco. Fotos tiradas desde o solo mostram que o topo das três torres que sustentavam a plataforma também se quebraram. Pessoas que estavam perto do local disseram que a queda da plataforma produziu um barulho como o de uma avalanche, um trem ou terremoto.
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“Podemos confirmar que a plataforma caiu e que temos relatos de nenhum ferimento. Vamos divulgar novos detalhes assim que forem confirmados”, disse Robert Margutta, da Fundação Nacional de Ciência (NSF), organização responsável pela construção.
O icônico telescópio está em estado precário desde agosto, quando um cabo auxiliar que sustentava a plataforma de equipamentos se rompeu e caiu sobre a antena parabólica, deixando um rasgão de 30 m nos painéis refletivos. A situação piorou no começo de novembro, quando um dos cabos principais também arrebentou, deixando o telescópio à beira do colapso. Inspeções revelaram que outros cabos mostravam sinais de desgaste. Ao longo das últimas semanas, engenheiros também identificaram mais cabos rompidos e outros sinais de perigo iminente.
Em 19 de novembro, a NSF anunciou que havia decidido desativar o telescópio e buscava maneiras de fazer a demolição controlada da perigosa estrutura. A decisão veio depois que engenheiros analisaram a construção e previram que a plataforma desabaria em um futuro próximo caso não fosse reparada.
Com o risco do colapso iminente, autoridades determinaram que era arriscado demais enviar trabalhadores à plataforma ou às torres para fazer o conserto.
“Se estamos preocupados que ela caia, ninguém deve subir lá ou ficar lá quando acontecer”, disse o ex-diretor do observatório Michael Nolan, agora na Universidade do Arizona, à National Geographic na época.
“Como alguém que, quando criança, foi inspirado pelo observatório a buscar as estrelas, isso é devastador, de cortar o coração. Eu já vi como o observatório ainda continua a inspirar minha ilha”, disse o cientista planetário Edgard Rivera-Valentin, do Instituto Lunar e Planetário à época. “Rivera-Valentin tuítou hoje que está “com o coração partido, triste, em luto e chorando”, depois da notícia do desabamento.
A decisão da NSF de desativar o telescópio não impediu cientistas e porto-riquenhos, para quem o telescópio tem valores culturais e científicos, de protestar em defesa do observatório. Por décadas, a estrutura foi motivo de orgulho e inspiração para a ilha, além de ter servido como suporte crucial para comunidades locais durante desastres naturais. Agora, o telescópio quebrado deixa uma enorme e perigosa bagunça para ser limpa – e, talvez, um local para ser reconstruído.
Anne Virkki, que lidera a equipe de radar planetário do observatório, escreveu em e-mail: “Precisaremos começar a fazer campanha pela reconstrução a partir de hoje”.
Nota do editor: a reportagem foi atualizada com novas informações sobre o desabamento do telescópio.
Fonte: National Geographic Brasil