Gorilas testam positivo para covid-19 em zoológico – os primeiros casos no mundo

Eles são os primeiros primatas não humanos do mundo com casos confirmados de Sars-CoV-2.

Já se sabe que gorilas-ocidentais-das-terras-baixas, criticamente ameaçados de extinção, são suscetíveis ao novo coronavírus. Em 11 de janeiro, três deles testaram positivo no Zoo Safari Park, em San Diego.
FOTO DE EDWIN GIESBERS, NATURE PICTURE LIBRARY

Três gorilas-ocidentais-das-terras-baixas do Zoo Safari Park, em San Diego, Califórnia, nos EUA, testaram positivo para o novo coronavírus, conforme comunicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), tornando-os os primeiros grandes símios conhecidos no mundo a contraírem Sars-CoV-2.

Os gorilas, que vivem em um bando de oito primatas, devem se recuperar bem, afirma Lisa Peterson, diretora-executiva do zoológico. Seus cuidadores decidiram mantê-los todos juntos e monitorá-los atentamente.

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“Pode ser que alguns tenham a infecção e outros não”, relata Peterson. “Eles vivem em um grupo com um único macho, que é o líder. Ele os guia durante o dia. Os demais o admiram. Realmente, o melhor para eles é permitir que continuem como estão.”

Os gorilas são a sétima espécie animal a ter contraído o novo coronavírus naturalmente, após as infecções confirmadas em tigres, leões, visons, leopardos-das-neves, cães e gatos domésticos. Embora existam casos documentados de transmissão de visons para humanos nos Países Baixos e na Dinamarca, não há evidências de que as outras espécies possam contaminar os humanos. 

Assim como os leões e tigres no zoológico do Bronx, que testaram positivo em abril, segundo Peterson, os três gorilas infectados provavelmente contraíram Sars-CoV-2 de um funcionário assintomático do zoológico. Ela esclarece que o zoológico adota protocolos rígidos de prevenção de infecções, incluindo um questionário diário para os funcionários e roupas de proteção completas para quem tem contato direto com os animais.

Dois dos gorilas começaram a apresentar tosse em 6 de janeiro. A equipe do zoológico coletou amostras fecais e as enviou ao Sistema de Laboratórios de Saúde Animal e Segurança Alimentar da Califórnia. Esse laboratório e os Laboratórios de Serviços Veterinários Nacionais (NVSL, na sigla em inglês) do USDA confirmaram a infecção em 11 de janeiro.

Os três gorilas, cujos nome não foram divulgados pelo zoológico, ainda apresentam sintomas. Alguns têm coriza e estão letárgicos. “Todos estão um pouco mais moderados em suas atividades”, afirma Peterson, “mas estão recebendo líquidos e comendo bem”.

Essa notícia confirma pesquisas anteriores de que gorilas-ocidentais-das-terras-baixas, criticamente ameaçados de extinção — juntamente com várias outras espécies raras ou ameaçadas de macacos — são particularmente suscetíveis ao Sars-CoV-2, o vírus que causa covid-19. “O potencial de um surto de doenças semelhantes à covid-19 em populações selvagens ou em cativeiro de primatas ameaçados de extinção é muito alto”, explicou Harris Lewin, professor emérito de ecologia e evolução da Universidade da Califórnia, em Davis, à National Geographic em novembro.

Restam menos de cinco mil gorilas na natureza. Por viverem em grupos familiares próximos, os pesquisadores temem que, se um deles contrair o novo coronavírus, a infecção pode se propagar rapidamente e colocar em risco as populações já fragilizadas.

Dan Ashe, presidente e CEO da Associação de Zoológicos e Aquários (AZA), alegou por e-mail à National Geographic que o resultado positivo dos gorilas é “preocupante”, mas ele tem “total confiança” de que a equipe do Zoológico de San Diego está tomando todas as precauções cabíveis.

Todos os casos confirmados de animais de zoológico que contraíram o novo coronavírus nos Estados Unidos ocorreram em instalações credenciadas pela AZA — o Zoológico do Bronx, o Zoo Safari Park de San Diego e o Zoológico de Louisville, que seguem rígidos protocolos de saúde, segundo Ashe. Em zoológicos não credenciados, muitos dos quais carecem da experiência e do profissionalismo presentes nas instalações credenciadas, não se sabe quantos animais podem ter contraído Sars-CoV-2, já que nunca foram testados.

Peterson afirma ter esperança de que o aprendizado obtido pelo zoológico por meio da observação de seus gorilas positivos para covid-19 possa ajudar a proteger as populações selvagens.

Fonte: National Geographic Brasil