Três gorilas-ocidentais-das-terras-baixas do Zoo Safari Park, em San Diego, Califórnia, nos EUA, testaram positivo para o novo coronavírus, conforme comunicado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), tornando-os os primeiros grandes símios conhecidos no mundo a contraírem Sars-CoV-2.
Os gorilas, que vivem em um bando de oito primatas, devem se recuperar bem, afirma Lisa Peterson, diretora-executiva do zoológico. Seus cuidadores decidiram mantê-los todos juntos e monitorá-los atentamente.
Leia também:
“Pode ser que alguns tenham a infecção e outros não”, relata Peterson. “Eles vivem em um grupo com um único macho, que é o líder. Ele os guia durante o dia. Os demais o admiram. Realmente, o melhor para eles é permitir que continuem como estão.”
Os gorilas são a sétima espécie animal a ter contraído o novo coronavírus naturalmente, após as infecções confirmadas em tigres, leões, visons, leopardos-das-neves, cães e gatos domésticos. Embora existam casos documentados de transmissão de visons para humanos nos Países Baixos e na Dinamarca, não há evidências de que as outras espécies possam contaminar os humanos.
Assim como os leões e tigres no zoológico do Bronx, que testaram positivo em abril, segundo Peterson, os três gorilas infectados provavelmente contraíram Sars-CoV-2 de um funcionário assintomático do zoológico. Ela esclarece que o zoológico adota protocolos rígidos de prevenção de infecções, incluindo um questionário diário para os funcionários e roupas de proteção completas para quem tem contato direto com os animais.
Dois dos gorilas começaram a apresentar tosse em 6 de janeiro. A equipe do zoológico coletou amostras fecais e as enviou ao Sistema de Laboratórios de Saúde Animal e Segurança Alimentar da Califórnia. Esse laboratório e os Laboratórios de Serviços Veterinários Nacionais (NVSL, na sigla em inglês) do USDA confirmaram a infecção em 11 de janeiro.
Os três gorilas, cujos nome não foram divulgados pelo zoológico, ainda apresentam sintomas. Alguns têm coriza e estão letárgicos. “Todos estão um pouco mais moderados em suas atividades”, afirma Peterson, “mas estão recebendo líquidos e comendo bem”.
Essa notícia confirma pesquisas anteriores de que gorilas-ocidentais-das-terras-baixas, criticamente ameaçados de extinção — juntamente com várias outras espécies raras ou ameaçadas de macacos — são particularmente suscetíveis ao Sars-CoV-2, o vírus que causa covid-19. “O potencial de um surto de doenças semelhantes à covid-19 em populações selvagens ou em cativeiro de primatas ameaçados de extinção é muito alto”, explicou Harris Lewin, professor emérito de ecologia e evolução da Universidade da Califórnia, em Davis, à National Geographic em novembro.
Restam menos de cinco mil gorilas na natureza. Por viverem em grupos familiares próximos, os pesquisadores temem que, se um deles contrair o novo coronavírus, a infecção pode se propagar rapidamente e colocar em risco as populações já fragilizadas.
Dan Ashe, presidente e CEO da Associação de Zoológicos e Aquários (AZA), alegou por e-mail à National Geographic que o resultado positivo dos gorilas é “preocupante”, mas ele tem “total confiança” de que a equipe do Zoológico de San Diego está tomando todas as precauções cabíveis.
Todos os casos confirmados de animais de zoológico que contraíram o novo coronavírus nos Estados Unidos ocorreram em instalações credenciadas pela AZA — o Zoológico do Bronx, o Zoo Safari Park de San Diego e o Zoológico de Louisville, que seguem rígidos protocolos de saúde, segundo Ashe. Em zoológicos não credenciados, muitos dos quais carecem da experiência e do profissionalismo presentes nas instalações credenciadas, não se sabe quantos animais podem ter contraído Sars-CoV-2, já que nunca foram testados.
Peterson afirma ter esperança de que o aprendizado obtido pelo zoológico por meio da observação de seus gorilas positivos para covid-19 possa ajudar a proteger as populações selvagens.
Fonte: National Geographic Brasil