A missão chinesa Chang’e 4 voltou a investigar o lado afastado da Lua após hibernar durante a última longa noite lunar. Recordista em exploração em nosso satélite natural, com mais de 600 dias de atuação, o rover Yutu-2 está agora em seu 27º dia lunar para observar de perto uma descoberta que deixou os cientistas intrigados no dia lunar anterior — uma estranha formação rochosa pontiaguda que aponta para o alto.
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Cada dia na lua dura aproximadamente duas semanas terrestres, assim como as noites lunares. Quando o rover Yutu-2 e o módulo de pouso Chang’e 4 não podem receber os raios solares — ou seja, durante a noite —, é preciso desativar seus sistemas, deixando ligados apenas os recursos essenciais para que possam ser reativados na manhã lunar seguinte. Agora que já é dia no lado afastado da Lua, eles já voltaram ao trabalho.
O retorno às atividades começou em 6 de fevereiro, mas pouco antes de hibernar, o rover havia encontrado um curioso pedaço de rocha que a equipe responsável pela missão chamou de “marco”. É que a rocha pontiaguda parece ter sido colocada ali por alguém que desejava memorizar aquela localização específica. Claro que este não é o caso — os cientistas cogitam a hipótese de que seja um fragmento parcialmente enterrado no solo lunar.
Embora não seja nada extraordinário, a rocha é bastante incomum, e deixou os pesquisadores “maravilhados”, de acordo com o diário Yutu 2 publicado no Our Space, o canal de divulgação científica da Administração Espacial Nacional da China (CNSA). Assim, durante o meio-dia lunar anterior, logo após a descoberta, o controle da missão começou “a analisar, planejar e formular uma estratégia”, diz o relato. Em seguida, obtiveram algumas imagens do objeto e de rochas e crateras de impacto ali perto, mas ainda não o suficiente para tirar boas conclusões. Logo após, o tempo acabou — o Sol se pôs no lado afastado da Lua e a equipe não quis correr o risco de deixar o Yutu em “insônia”.
De acordo com Dan Moriarty, bolsista do programa de pós-doutorado da NASA no Goddard Space Flight Center, a rocha pode ter se formado após eventos como “impactos repetidos, tensões de ciclos térmicos e outras formas de intemperismo na superfície lunar”, que “tendem a quebrar as rochas em formas mais ou menos ‘esféricas’”. Moriaty não participa da missão mas observou as imagens e falou com a mídia especializada. “Pense em como as praias rochosas tem as pedras desgastadas, suavizando-as em formas arredondadas ao longo do tempo, devido aos empurrões repetidos das ondas”, explicou.
Moriarty está confiante que a origem da rocha é o material ejetado de alguma cratera próxima. De qualquer forma, os pesquisadores chineses estão prontos para avaliar melhor através do instrumento VNIS, que foi já usado para investigar uma série de rochas e amostras de regolito ao longo do tempo de vida do Yutu 2. As análises através do VNIS incluem os estranhos pedaços de vidro encontrado na superfície lunar em 2019.
Fonte: Canaltech