Após quase 150 anos de pesquisas e muita controvérsia, ao que parece, cientistas finalmente conseguiram resolver o mistério em torno dos crocodilos com chifres de Madagascar. Esses animais que eram endêmicos na ilha há 9 mil anos e foram extintos entre 1.300 e 1.400 anos atrás.
Com o nome oficial de Voay robustus, eles são conhecidos por seus característicos chifres em seus crânios. Desde sua descoberta, eles foram colocados nas mais diversas classificações e famílias, tendo sido confundidos com outras espécies e recebido uma série de nomes diferentes, mas sem terem sido colocados em nenhuma origem evolutiva clara.
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No entanto, um novo estudo conduzido pelo famoso Museu Americano de História Natural (AMNH), de Nova York, conseguiu lançar luz sobre esses répteis. Com uso de análise de DNA, os pesquisadores conseguiram determinar a qual grupo os crocodilos com chifres realmente pertencem.
Várias classificações
Inicialmente, os crocodilos com chifres foram classificados como uma subfamília que contém os crocodilos do Nilo e os mais conhecidos, os americanos, muito presentes no estado da Flórida. Por conta disso, originalmente, ele era chamado de Crocodylus robustus. Acreditava-se, inclusive, que eles eram uma espécie ancestral dos crocodilos do Nilo.
Eles não eram animais necessariamente grandes, contudo, os fósseis encontrados de seus crânios sugerem que eles eram bem robustos. “Não temos esqueletos completos, mas eles não eram espetacularmente longos”, declarou o paleontólogo Evon Hekkala. “Eles eram provavelmente semelhantes em tamanho geral aos crocodilos do Nilo”.
Os crocodilos do Nilo são os maiores predadores atuais da ilha, mas são uma espécie invasora, que teria chegado em Madagascar há cerca de 300 anos. No entanto, alguns contos locais sugerem que que eles podem ter chegado por lá bem antes e convivido com os crocodilos com chifres.
Algumas outras espécies de animais maiores podem ter sumido da ilha no mesmo período, incluindo tartarugas gigantes, pássaros-elefante, hipopótamos anões e outros menores, como os lêmures. Porém, ainda não está claro qual teria sido a causa dessa extinção em massa, mas acredita-se que a chegada dos primeiros humanos ao local tenha alguma parcela de culpa nisso.
Porém, algumas mudanças no clima da região podem ter contribuído tanto para a adaptação dos crocodilos do Nilo, quanto para a extinção dos crocodilos com chifres. “Alguns estudos recentes indicaram que partes da ilha ficaram mais secas”, disse Hekkala. “Pode ser que isso tenha beneficiado o crocodilo do Nilo e tornado a ilha mais inóspita para o crocodilo com chifres”.
Animais diferenciados
Em seu novo estudo, os pesquisadores do AMNH determinaram que os crocodilos com chifres pertencem, na verdade, a uma espécie única, que é diferente dos verdadeiros e também dos anões.
“O que nos surpreendeu naquele ponto foi que não estava agrupado dentro dos verdadeiros crocodilos, mas adjacente a eles”, disse Hekkala. “Isso a torna um pouco como uma linhagem há muito perdida que estava isolada em uma ilha”.
Este novo grupo é bastante similar aos crocodilos verdadeiros, que eram endêmicos no continente africano. “Nossos dados apóiam a hipótese de que os crocodilos modernos que vemos hoje se originaram na África”, disse o professor.
Ao desvendar o mistério sobre o crocodilo com chifre os especialistas podem construir uma imagem mais exata sobre como os animais modernos evoluíram e como eles podem se adaptar a mudanças, como as ocasionadas pelo aquecimento global.
Fonte: Olhar Digital