Cientistas afirmam em estudo que algo entre 20% e 25% dos gases do efeito estufa são provenientes do chamado “pum de árvore”. O termo é usado em ambientes científicos para designar gases emitidos por árvores e plantas mortas em regiões pantanosas e “brejos”.
O estudo, publicado no site Biogeochemistry, ressalta que isso não vem de qualquer árvore, ou mesmo qualquer região. Especificamente, ele se refere a árvores em regiões costeiras que morreram envenenadas pelo avanço de águas salgadas, que tornaram uma determinada região não só pantanosa, mas altamente salinizada, transformando-as em “florestas fantasmas”.
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Tais árvores tornam-se esqueléticas e definham, liberando uma quantidade mais alta que o comum de dióxido de carbono – um gás que contribui para a piora do efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, torna o “pum de árvore” uma ferramenta de avanço do aquecimento global.
O estudo ainda ressalta que a situação pode piorar. Ainda que esse volume seja facilmente ignorável frente a outras fontes de gás – motores de carros, uso de combustíveis fósseis, emissões decorrentes do mercado agropecuário, por exemplo -, os pesquisadores lembram que o mar não parou de avançar. Ano após ano, a água salgada fecha o cerco em florestas, tornando-as salinizadas e matando as árvores locais por envenenamento de sal, resultando em mais gases liberados por elas em seu momento de morte.
De acordo com Melinda Martinez, líder da pesquisa e graduanda da Universidade da Carolina do Sul, foram avaliados cadáveres secos de pinheiros e árvores ciprestes em cinco “florestas fantasmas” na Península Albemarle-Pamlico, no estado americano: “Mesmo que essas árvores mortas ainda em pé não emitam tanto [gás] quanto aquelas enraizadas, elas ainda emitem algo”, ela disse. “Mesmo o menor ‘punzinho’ conta”.
A importância desse monitoramento vem do fato de que as florestas fantasmas estão aumentando de tamanho ao longo da costa norte-americana, com pontos extensos identificados entre os estados da Louisiana e Maryland – uma distância aproximada de dois mil quilômetros.
Mais além, o avanço do mar não é o único risco, já que estruturas de canalização da água salgada – amplamente usadas na agricultura – podem conter vazamentos que a distribuem em florestas costeiras. E isso traz um efeito negativo na flora e fauna local: arbustos e plantas rasteiras resistentes ao sal estão tomando o lugar da vegetação nativa, colocando em perigo algumas espécies de pássaros, como o pica-pau; e até animais carnívoros, como alguns tipos de lobo.
“É uma pergunta difícil de responder porque cadáveres [de árvores] podem virar habitat para outros animais”, disse Martinez. “Nós esperamos ter uma ideia melhor de como gases do efeito estufa mudam conforme as árvores morrem e também obter melhores estimativas de emissões vindas de árvores vivas”.
Fonte: Olhar Digital