Cerca de 5 mil tardígrados e 128 bebês de lulas que brilham no escuro seguem para o espaço na próxima semana. Os animaizinhos serão lançados pela Nasa para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), como parte da 22ª missão de reabastecimento de carga da SpaceX.
Os bichinhos microscópicos vão para o laboratório em órbita a bordo de um foguete Falcon 9, na próxima quinta-feira (3), às 14h29 (horário de Brasília). A decolagem acontece no Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
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Com apenas um milímetro, os tardígrados são um dos seres vivos mais resistentes do planeta. Eles conseguem sobreviver à radiação profunda, pressões seis vezes maiores que as encontradas nas partes mais profundas do oceano e o vácuo total do espaço.
Essas habilidades tornam os tardígrados bastante úteis na ISS. Lá, os astronautas esperam identificar nos organismos quais genes são responsáveis pelos feitos na adaptação dos pequeninos a ambientes de alto estresse. Isso deve trazer insights sobre os impactos de viagens espaciais de longa duração na saúde.
“Algumas das coisas às quais os tardígrados podem sobreviver incluem secar, congelar e ser aquecido além do ponto de ebulição da água. Eles podem sobreviver milhares de vezes mais radiação do que nós e podem durar dias ou semanas com pouco ou sem oxigênio”, explicou Thomas Boothby, professor assistente de biologia molecular da Universidade de Wyoming.
Boothby é também o principal investigador do experimento com os seres. “Foi demonstrado que eles sobrevivem e se reproduzem durante voos espaciais, e podem até sobreviver à exposição prolongada ao vácuo do espaço sideral”, lembrou o professor.
No espaço, os astronautas vão examinar a biologia molecular dos tardígrados. Eles devem buscar sinais de quaisquer adaptações imediatas e de longo prazo à vida na órbita baixa da Terra. As criaturas vão chegar à ISS em um estado semicongelado antes de serem descongeladas.
Lulas brilhantes
Os filhotes de lulas brilhantes, as lulas bobtail, que vão ao espaço junto com os tardígrados são parte de outro estudo. Os animais de 3 milímetros têm um órgão de produção de luz dentro do corpo. Nessa parte, bactérias bioluminescentes dão às lulas seu brilho.
Nesse experimento, os pesquisadores querem investigar a relação simbiótica entre as lulas e as bactérias. Assim, pretendem descobrir como micróbios benéficos interagem com o tecido animal no espaço. Como os filhotes nascem sem a bactéria e as adquirem no oceano, os microrganismo serão adicionados aos animais quando forem descongelados.
“Animais, incluindo humanos, dependem de nossos micróbios para manter um sistema digestivo e imunológico saudável. Não entendemos totalmente como o voo espacial altera essas interações benéficas”, disse Jamie Foster, microbiologista da Universidade da Flórida e principal investigadora do experimento Understanding of Microgravity on Animal-Microbe Interactions (UMAMI).
O experimento vai determinar quais genes as lulas bobtail ativam e desativam para realizar o processo no espaço. Isso pode ajudar humanos a cuidar melhor dos microbiomas intestinais e do sistema imunológico em viagens espaciais de longa distância.
Fonte: Olhar Digital