Os Estados Unidos atravessam uma seca histórica. Do Rio Grande às Montanhas Rochosas, quase a metade do país enfrenta a pior estiagem em 20 anos, de acordo com o balanço desta terça-feira (29) do Monitor de Secas dos EUA, um sistema de informação federal criado para acompanhar esse episódio climático.
Já na primeira semana da estação mais quente do ano, a escassez de água e o risco de incêndios afetam 11 estados. Níveis alarmantes de reservatórios e temperaturas recordes indicam que essa pode se tornar a mais grave crise hídrica americana em gerações.
A seca é definida como uma queda de umidade grave o suficiente para ter efeitos sociais, ambientais ou econômicos. Diferente de outras catástrofes climáticas, ela pode ter longa duração e é mais difícil de ser detectada. No entanto, há meses especialistas vêm alertando para a formação de condições para uma seca extrema no oeste americano.
Nesse início de verão no hemisfério norte, os números são preocupantes. Pela terceira semana consecutiva, a classificação que vai de “seca extrema” a “seca excepcional”, considerado o estágio mais severo, bateu recorde na Costa do Pacífico, afetando quase 50% dessa região, de acordo com o Monitor de Secas (US Drought Monitor, em inglês).
Desde 2002, os EUA não viam uma estiagem dessa proporção. O fenômeno vem sendo chamado de “megasseca” pela imprensa americana. Com o avanço do verão, há potencial para que este evento se torne o mais grave em séculos.
Atualmente, 92 milhões de americanos em ao menos 31 dos 50 estados do país sofrem com o problema – do estágio moderado até o mais severo. Mais de 76 milhões de acres de plantio foram afetados.
O fenômeno avança no Colorado, Wyoming, Utah, Montana e Idaho. Há grande preocupação em relação ao risco de incêndios florestais, restrições de acesso à água, danos à produção agrícola e ao bem-estar de moradores e animais.
O estado de Utah e cerca de um terço da Califórnia estão em estado de emergência. Autoridades pediram para os moradores economizarem água. Os mais de 1.500 reservatórios de água californianos estão com metade da capacidade habitual nessa época do ano.
Com isso, algumas usinas hidrelétricas podem ser forçadas a interromper atividades durante o pico da temporada de incêndios. O Lago Mead, o maior reservatório do país que fica entre os estados de Nevada e Arizona, vem enfrentando queda no volume de água e atingiu o nível de armazenamento mais baixo desde 1937.
Esse cenário pode desencadear a primeira declaração federal de escassez, limitando o consumo de água para milhões de americanos.
Depois de mais uma semana quente e sem chuvas, a situação no oeste dos EUA continua piorando. De acordo com previsões meteorológicas, o que vem sendo chamado de a onda de calor mais severa da história do noroeste do Pacífico deve chegar ao clímax nos próximos dias. Washington, Oregon e partes do Wyoming e da Califórnia enfrentam uma onda de calor sem precedentes. Durante esta semana, são esperados novos recordes de temperatura em algumas áreas do país.
Canadá registra recorde histórico de temperatura
Os termômetros também subiram no Canadá. Em Fraser Canyon, na Columbia Britânica, a temperatura chegou a 47ºC nesta segunda-feira (28).
Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Canadá, o recorde de temperatura da história do país, que já tinha sido quebrado no domingo (27), foi superado pela segunda vez em menos de 48 horas. O calor extremo atinge regiões onde nem a população e os animais, nem as construções estão adaptados a essas condições, multiplicando casos de doenças e mortes ligadas às altas temperaturas.
Com menor intensidade, outra onda de calor atinge o nordeste dos Estados Unidos. Na Costa Atlântica, as temperaturas se aproximam do recorde da estação e os termômetros ultrapassam os 30ºC, inclusive em Nova York.
Esses ciclos de seca estão ligados às mudanças climáticas e tendem a piorar à medida que cresce a demanda por água. Episódios de temperaturas extremas, como esse que os Estados Unidos atravessam, têm se tornado mais frequentes e intensos em diversas partes do mundo.
Fonte: G1