O mês passado foi o junho mais quente já registrado na América do Norte, assolada por uma histórica onda de calor que atingiu partes dos Estados Unidos e do Canadá, informou nesta quarta-feira (07/07) o serviço de monitoramento do clima da União Europeia (UE), apontando que o recorde ilustra os impactos do aquecimento global.
Nos Estados Unidos, foram registradas temperaturas recordes do sudoeste ao noroeste do país, enquanto na província canadense de Colúmbia Britânica o recorde de temperatura diária foi quebrado por três dias consecutivos.
Centenas de pessoas podem ter morrido no Canadá em decorrência da onda de calor, com as temperaturas tendo chegado a quase 50 °C.
A temperatura na América do Norte como um todo ficou 1,2 °C acima da média de 1991-2020 para o mês de junho na região. Também ficou 0,15 °C acima do mês de junho mais quente até então (em 2012), disse à agência de notícias AFP Carlo Buontempo, diretor do Serviço Europeu de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S).
“O que aconteceu no Canadá foi um grande salto em relação ao recorde anterior”, disse Buontempo, acrescentando que tais registros “são um poderoso lembrete do impacto que a mudança climática pode ter em nossas vidas”.
Um fenômeno mundial
Não só a América do Norte teve recordes de temperatura no mês passado. A Europa também teve seu segundo junho mais quente já registrado. O mês foi especialmente quente na Finlândia e no oeste da Rússia, afirmou o C3S, baseado em Londres.
Na capital finlandesa, Helsinque, onde os primeiros registros datam de 1844, a temperatura média em junho nunca foi tão alta como neste ano. Já a capital russa, Moscou, registrou seu dia mais quente para o mês. Também na Sibéria foram registradas temperaturas mais altas do que a média, embora não tanto quanto nos três anos anteriores.
Globalmente, junho de 2021 também foi um dos mais quentes desde o início dos registros. Apenas em 2016, 2019 e 2020 foram registradas temperaturas médias mais altas no sexto mês do ano.
Reflexo das mudanças climáticas
“As ondas de calor que vimos no mês passado na América do Norte, no oeste da Rússia e no norte da Sibéria são apenas os exemplos mais recentes de uma tendência projetada para continuar no futuro e que está ligada ao aquecimento de nosso clima global”, disse o cientista climático do C3S Julien Nicolas.
O pesquisador também chamou a atenção para o fato de que as temperaturas recordes têm ocorrido com mais frequência, sido mais intensas e durado mais do que no passado.
“Essas ondas de calor não surgem do nada. Elas estão acontecendo em um ambiente climático global que está esquentando e que as torna mais prováveis de ocorrer”, afirmou.
O Acordo de Paris, de 2015, prevê a limitação do aumento das temperaturas globais a “bem abaixo” de 2 °C e, se possível, a 1,5 °C. Os últimos seis anos, incluindo 2020, entraram para a história como os seis mais quentes já registrados.
Fonte: Deutsche Welle