Javalis liberam tanto CO2 por ano quanto 1,1 milhão de carros, diz estudo

Animais removem dióxido de carbono aprisionado nos solos enquanto cavam à procura de alimento, explicam os pesquisadores

Javalis liberam dióxido de carbono ao cavarem o solo em busca de alimento (Foto: Universidade de Queensland )

Muito se discute sobre o papel de bois e vacas no aquecimento global, mas o que pouca gente sabe é que os javalis também são animais que emitem uma quantidade considerável de gás carbônico. Segundo um novo estudo, publicado em 19 de julho, na revista científica Global Change Biology, esses animais liberam cerca de 4,9 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono (CO2) por ano – o equivalente à quantidade emitida por 1,1 milhão de carros na atmosfera.

Os estudiosos, que atuam na Universidade de Queensland, na Austrália, e na Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, explicam que os javalis cavam o solo em busca de comida e, ao revirá-lo com frequência, liberam do subterrâneo o CO2, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.

Para entender melhor isso, os cientistas realizaram uma simulação com 10 mil mapas de densidade populacional da espécie de javali Sus scrofa. Em seguida, os pesquisadores compararam os dados com a quantidade de solo perturbada por esses suínos em uma variedade de condições climáticas, tipos de vegetação e elevações, seja em planícies ou florestas subalpinas.

Por último, o estudo simulou as emissões globais de carbono relacionadas aos javalis com base em pesquisas anteriores, realizadas nas Américas, na Europa e na China. De acordo com Christopher O’Bryan, que liderou a investigação, como o solo tem quase três vezes mais CO2 do que a atmosfera, mesmo uma pequena fração do gás liberada dele pode acelerar as mudanças climáticas.

População de javalis pode agravar mudanças climáticas pois contribui para a liberação de carbono do solo (Foto: Universidade de Queensland )

A estimativa é que os javalis tenham já destruído uma área de cerca de 36 mil a 124 mil quilômetros quadrados, em ambientes onde não são nativos. “Esta é uma enorme quantidade de terra, e isso não só afeta a saúde do solo e as emissões de carbono, mas também ameaça a biodiversidade e a segurança alimentar, que são cruciais para o desenvolvimento sustentável”, alerta O’Bryan, em comunicado.

Por estarem prejudicando os solos de regiões que não necessariamente costumam viver, os javalis estão atuando, portanto, como espécies invasoras. Segundo Nicholas Patton, coautor da pesquisa, a incidência dessas espécies está atrelada à atividade humana e é preciso “reconhecer e assumir a responsabilidade por suas implicações ambientais e ecológicas”.

A preocupação dos especialistas também é de que os javalis se reproduzam em áreas onde o carbono é abundante no solo e que a quantidade de emissões aumente. Eles defendem que mais estudos sejam feitos sobre os suínos, a fim de monitorar os ecossistemas e seus solos.

Fonte: Galileu