Plástico é encontrado dentro de tartarugas marinhas filhotes na Austrália

Pedaços de polietileno e polipropileno foram achados no estômago, intestino, cloaca e bexiga de 121 tartarugas jovens e recém-nascidas na costa australiana dos oceanos Pacífico e Índico

Tartarugas marinhas filhotes têm alta incidência de ingestão de plástico (Foto: Wikimedia Commons )

Pesquisadores encontraram plástico em órgãos de tartarugas marinhas jovens e filhotes coletadas na Austrália, em regiões costeiras próximas aos oceanos Pacífico e Índico. Os especialistas alertam que o material poluente se tornou uma armadilha evolutiva para os animais com conchas de até 50 centímetros. Os resultados foram publicados no jornal Frontiers in Marine Science nesta segunda-feira (2). 

O plástico estava presente no estômago, intestino, cloaca e bexiga das 121 tartarugas de 5 espécies analisadas. Entre elas: tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-marinha-comum (Caretta caretta), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e tartaruga-marinha-australiana (Natator depressus).

A quantidade de material ingerido variou conforme a espécie, sendo que o maior consumo ocorreu em tartarugas-verdes, que engoliram 343 peças de plástico no Oceano Índico e 144 unidades do polímero no Oceano Pacífico. Por outro lado, nenhuma tartaruga-de-pente absorveu resíduo plástico em nenhum dos oceanos.

Outra questão relevante nos resultados foi a localização: na região do Índico, a proporção de tartarugas analisadas que ingeriram plástico foi muito menor do que no Pacífico. Nesse último local, as tartarugas-verdes eram as que tinham maior risco de engolir resíduo plástico (83%); depois delas vinham as tartarugas-comuns (86%) e as tartarugas-marinha-australianas (80%). Já no Oceano Índico, as espécies mais atingidas pelo problema foram as tartarugas-marinha-australianas (28%), seguidas pelas tartarugas-marinhas-comuns (21%) e pelas tartarugas-verdes (9%).

Liderada por pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, a equipe também descobriu que o tipo de plástico variava conforme a região. “O plástico nas tartarugas do Pacífico era composto principalmente de fragmentos duros, que poderiam vir de uma vasta gama de produtos usados ​​por humanos, enquanto os plásticos do Oceano Índico eram principalmente fibras – possivelmente de cordas ou redes de pesca”, explica Emily Duncan, que coordenou a pesquisa, em comunicado.

Os plásticos mais comuns ingeridos foram o polietileno e o polipropileno, sendo que em filhotes os pedaços tinham de 5 a 10 milímetros. Por serem mais novos, os animais recém-nascidos correm possivelmente maior risco, pois nessa fase de vida eles estão mais propensos ao emaranhamento e ingestão, que causam asfixia, morte por obstrução do trato gastrointestinal, desnutrição e contaminação química.

Com isso, o plástico se tornou uma armadilha evolutiva, ou seja, mudou um habitat que antes era adaptado, trazendo efeitos negativos para a sobrevivência desses répteis. “Ainda não sabemos qual é o impacto da ingestão de plástico sobre as tartarugas jovens, mas qualquer perda nessas fases iniciais da vida pode ter um impacto significativo nos níveis populacionais”, alerta Duncan, em outra nota à imprensa.

“A próxima etapa de nossa pesquisa é descobrir se e como a ingestão de plástico afeta a saúde e a sobrevivência dessas tartarugas. Isso exigirá estreita colaboração com pesquisadores e veterinários em todo o mundo”, finaliza a especialista.

Fonte: Galileu