As minúsculas partículas formadas a partir de pesticidas, tintas, solventes, carvão e gases de escapamentos de veículos representam um enorme risco à saúde humana, segundo um estudo publicado dia 27 de julho no jornal científico Atmospheric Chemistry and Physics. A pesquisa, iderada pela Universidade de Colorado Boulder, nos Estados Unidos, revelou que esse tipo de poluição causa de 340 a 900 mil mortes prematuras todos os anos — número 10 vezes maior do que havia sido estimado anteriormente.
Os cientistas consideraram dados da universidade, além de pesquisas da Nasa e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos. Foram analisados levantamentos sobre qualidade do ar realizados nas últimas duas décadas em 11 cidades ao redor do mundo, incluindo Pequim, Londres e Nova York. Em seguida, os números foram avaliados por meio de modelos de qualidade do ar que incluem dados de satélite.
Nas localidades avaliadas, a pesquisa indicou a presença dos chamados aerossóis orgânicos secundários antropogênicos, que são minúsculas partículas que se formam a partir de produtos químicos emitidos pelas atividades humanas. Os produtos químicos em questão são emitidos por tubos de escape e combustíveis de cozinha, como madeira e carvão, e cada vez mais também por solventes industriais, tintas domésticas, produtos de limpeza e outros produtos químicos.
De acordo com os especialistas, essas substâncias danosas podem adentrar o pulmão, aumentando o risco de mortes. “A ideia mais antiga era que, para reduzir a mortalidade prematura, você deveria ter como alvo as usinas movidas a carvão ou o setor de transporte”, disse Benjamin Nault, coautor do estudo, em comunicado. “Sim, eles são importantes, mas estamos mostrando que se você não está focando nos produtos de limpeza e pintura e em outros produtos químicos do dia a dia, então você não está considerando uma fonte importante.”
A pesquisa apontou ainda que os pesticidas, tintas e solventes podem contribuir seriamente para a formação dessas partículas finas, mesmo que eles não estejam atrelados à formação de ozônio.
Os autores do estudo esperam exandir suas descobertas para mais áreas urbanas do planeta, onde as medições ainda não foram suficientes para confirmar a presença de produtos que geram as partículas. “Se você se preocupa com os impactos da poluição do ar na saúde e na mortalidade, precisa levar esse problema a sério”, alerta Jose-Luis Jimenez, coautor da pesquisa.
Fonte: Galileu