Um estudo realizado em Barcelona, na Espanha, indica que, se toda a população da cidade bebesse somente água engarrafada, o impacto ambiental da extração de recursos para isso seria 3,5 mil vezes maior do que se todo mundo utilizasse apenas água encanada. Já o efeito negativo nos ecossistemas seria 1,4 mil vezes mais elevado, com a perda de 1,43 espécie a cada ano.
Publicada em julho no jornal científico Science of The Total Environment, a pesquisa contou com a participação de especialistas do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e da Universidade Pompeu Fabra, também na cidade espanhola.
Os cientistas descobriram que a escolha de fornecer apenas água de torneira ainda seria benéfica à economia. Isso porque evitaria que o governo arcasse anualmente com um preço de US$ 83,9 milhões para extrair as matérias-primas da água engarrafada.
Para chegarem a essas conclusões, os pesquisadores utilizaram dois critérios combinados: a Avaliação do Ciclo de Vida (LCA), que mede os impactos ambientais; e a Avaliação de Impacto na Saúde (HIA), que, como o nome já diz, trata da saúde da população. Com isso, a equipe analisou cenários hipotéticos da implementação de água engarrafada, água de torneira filtrada e não filtrada.
Os especialistas usaram um software para estimar os danos aos ecossistemas e a disponibilidades de recursos na LCA. Então, recorreram a dados sobre consumo de água e níveis de compostos químicos da água fornecida pela Agência de Saúde Pública de Barcelona.
A equipe notou que a qualidade da água de torneira na cidade melhorou nos últimos anos devido a novos tratamentos que foram instalados. Mas não houve aumento no consumo desse tipo de água, dado que ele apresenta trihalometanos (THMs), compostos químicos associados ao câncer de bexiga.
Ainda assim, o estudo aponta que o risco dos THMs é pequeno. “O uso de filtros domésticos, além de melhorar o sabor e o odor da água da torneira, pode reduzir substancialmente os níveis de THMs em alguns casos. Por isso, a água da torneira filtrada é uma boa alternativa”, sugere Cathryn Tonne, pesquisadora que colaborou com o estudo, em comunicado.
Fonte: Galileu