Caranguejos são “excitados” por alguns tipos de plástico, sugere estudo

Pesquisadores na Inglaterra observaram um aumento nos níveis de respiração em caranguejos-eremita encontrados com oleamida, que é confundida com comida

Caranguejos-eremita ficam ‘excitados’ com alguns tipos de plástico (Foto: Yulia Kolosova/Wikimedia Commons)

Um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Hull, na Inglaterra, constatou que os caranguejos-eremita são atraídos com um aditivo liberado por plásticos no oceano. Já conhecida por ser um feromônio sexual para determinadas espécies marinhas, a oleamida foi encontrada em caranguejos que demonstraram níveis de respiração elevados, o que indica atração e excitação.

O composto sintético também é confundido com comida pelos animais que, em busca de refeição, são atraídos para o local em que o plástico está. “A oleamida tem uma semelhança impressionante com o ácido oleico, um produto químico liberado por artrópodes durante a decomposição”, explica Paula Schirrmacher, doutoranda na Universidade de Hull, em comunicado. “Como carniceiros, caranguejos-eremita podem identificar erroneamente a oleamida como fonte de alimento, caindo em uma armadilha”, completa.

Além disso, a equipe buscou entender como o olfato desses crustáceos sofre modificações em oceanos acidificados — o que pode interferir em sua capacidade de comunicação. Schirrmacher e seus colegas descobriram que a diminuição do pH no habitat dos caranguejos afeta a atuação do composto feniletilamina, conhecido como “hormônio da paixão” e responsável por alertar criaturas marinhas sobre a presença de predadores.

Em um oceano mais ácido, há alterações nas propriedades químicas das moléculas de odor  que facilitam sua ligação com o receptor olfativo no animal. “Em suma: o pH pode fazer ou quebrar uma comunicação bem-sucedida no oceano”, pontua a pesquisadora Christina Roggatz.

Mexilhões também têm sofrido

Paralelamente a esse estudo, um grupo de pesquisa dedicado a analisar o impacto dos plásticos e das mudanças climáticas na vida oceânica publicou recentemente três investigações sobre invertebrados marinhos na costa de Yorkshire, no norte da Inglaterra.

Ciclo reprodutivo de mexilhões azuis é afetado pelo aumento de temperatura e contato com produtos químicos (Foto: Andreas Trepte/Wikimedia Commons)

Um deles analisou como mexilhões dos sexos masculino e feminino sentem de maneira diferente a poluição plástica e acidificação dos oceanos. De acordo com a doutoranda Luana Mincarelli, o efeito tóxico dos polímeros pode ser amplificado pelas mudanças climáticas. Enquanto machos foram afetados principalmente pelo aumento da temperatura, as fêmeas mostraram-se mais sensíveis ao produto químico DEHP.

Ambos os fatores podem confundir os ciclos de reprodução dos mexilhões, concluiu a pesquisa. “É extremamente importante entender como os aditivos plásticos funcionam em níveis moleculares, especialmente no sucesso reprodutivo”, afirma Mincarelli.

Fonte: Galileu