Gâmbia é único país com chance de cumprir meta do Acordo de Paris

Segundo relatório, Brasil está entre as nações que tomaram medidas “altamente insuficientes” para manter o aumento médio das temperaturas abaixo de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais

Gâmbia, país do Oeste da África, é o único com chance de atingir metas do Acordo de Paris (Foto: nikolasc62/Pixabay)

O Acordo de Paris foi firmado em 2015 entre 195 países, com o objetivo de mitigar o aquecimento global. Mas os esforços feitos até aqui pela maioria das nações parecem ser insuficientes. Um novo relatório do Climate Action Tracker (CAT), divulgado na última quarta-feira (15), avaliou as ações climáticas de 37 países e conclui que apenas a Gâmbia tem postura compatível com a meta do tratado de manter o aumento médio das temperaturas planeta abaixo de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.

Outros sete países apresentam ações “quase suficientes”, segundo a classificação do CAT. São eles: Costa Rica, Etiópia, Quênia, Marrocos, Nepal, Nigéria e Reino Unido. Os demais tiveram atitudes “insuficientes”, “altamente insuficientes” – como é o caso do Brasil – ou ainda “criticamente insuficientes”, caso de Irã, Rússia e Arábia Saudita. 

Gâmbia é único país no caminho de atingir meta do Acordo de Paris; medidas do Brasil são classificadas como “altamente insuficientes” (Foto: Reprodução/climateactiontracker.org/)

A data-alvo mais importante para cumprir o Acordo de Paris é 2030, quando as emissões globais devem ser reduzidas em 50%. Porém, a análise estima que, nas condições atuais dos países, até lá o nível dessas emissões será praticamente o mesmo de hoje, ultrapassando duas vezes os limites do tratado. 

E a questão é grave, considerando que três quartos dos países avaliados rompem a proposta de manter aumento abaixo de 1,5°C. “São particularmente preocupantes a Austrália, o Brasil, a Indonésia, o México, a Nova Zelândia, a Rússia, Singapura, a Suíça e o Vietnã: eles não conseguiram elevar a meta, apresentando as mesmas ou até metas menos ambiciosas para 2030 do que as apresentadas em 2015”, conta Bill Hare, CEO da Climate Analytics, ONG parceira do CAT, em comunicado.

A atualização das metas para 2030, aliás, está praticamente estagnada desde maio, quando ocorreu a conferência climática Petersberg Climate Dialogue, que prepara países para as discussões das Conferências Anuais sobre Mudanças Climáticas da ONU. Em 2021, a 26ª edição da conferência, a COP-26, acontece em novembro. 

Três quartos dos países avaliados rompem a proposta de manter aumento abaixo de 1,5°C (Foto: Daniel Moqvist/Unsplash)

A necessidade de atualizar as intervenções climáticas já afeta nações em todas as fases de desenvolvimento. “Quase todos os países desenvolvidos precisam fortalecer ainda mais suas metas para reduzir as emissões o mais rápido possível, implementar políticas nacionais para alcançá-las e apoiar mais países em desenvolvimento nessa transição”, afirma o documento.

Além disso, o relatório salienta a importância das metas que visam zerar emissões líquidas de carbono até meados do século, estabelecidas em alguns países. Elas propõem que qualquer emissão adicional do gás seja integralmente compensada pelas emissões retiradas da atmosfera. Contudo, o CAT alerta que é preciso alinhá-las com as reduções globais até 2030. Se isso for feito, em um cenário otimista, o aumento de temperaturas pode ser reduzido em cerca de 2ºC.

Fonte: Galileu