Jovens com idades de 15 a 29 anos foram selecionados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e estão reunidos até a quinta-feira (30) em Milão, na Itália. O grupo, que conta com 400 representantes de mais de 200 países, pretende elaborar um documento com um posicionamento sobre a emergência climática e quais ações devem ser priorizadas.
A ativista ambiental Greta Thunberg está entre esses “embaixadores da juventude”. Nesta terça-feira (28), os jovens pediram aos líderes mundiais que “acordem” para a a crise climática.
“Isso é tudo o que ouvimos por parte dos nossos líderes: palavras. Palavras que soam bem, mas que não provocaram ação alguma. Nossas esperanças e sonhos se afogam em suas palavras de promessas vazias”, afirmou Thunberg, aplaudida pelos embaixadores da juventude.
“Não existe um planeta B, não existe um planeta bla bla bla, economia verde bla bla bla, neutralidade do carbono para 2050 bla bla bla”, acrescentou, denunciando “trinta anos de bla bla bla” dos líderes mundiais e “sua traição com as gerações atuais e futuras”.
A declaração de Thunberg será apresentada no próximo final de semana para cinquenta ministros reunidos para o preparo da COP26, prevista para os primeiros dias de novembro em Glasgow, Escócia.
“Eu os ouço (…). Queremos ouvir suas ideias criativas e ambiciosas”, disse o presidente britânico da COP26, Alok Sharma. “No início deste mês, uma pesquisa entre os jovens revelou que mais da metade teme que a humanidade esteja condenada ao fracasso. Francamente, isso envergonha a minha geração”.
‘Sem lugar na mesa’
Os líderes, no entanto, foram criticados por “fingir” que escutam as demandas dos jovens sobre as mudanças do clima: “convidam os jovens selecionados para reuniões como esta e fingem que nos escutam”, respondeu Thunberg no palanque.
“É o momento de nossos dirigentes despertarem, chegou a hora de nossos líderes pararem de falar e começarem a agir. Já é hora de os poluidores pagarem, é a hora de cumprirem com as promessas”, disse a ativista ugandesa Vanessa Nakate, detalhando o “sofrimento” suportado na África, Ásia e no Pacífico pelos povos menos responsáveis pelo aquecimento global.
“É o momento. E não se esqueçam de ouvir aqueles que são os mais vulneráveis”, acrescentou, emocionada, diante do público que a aplaudiu de pé.
Enquanto as catástrofes climáticas continuam aumentando, os compromissos das nações ainda não estão perto de concretizar a principal meta do Acordo de Paris: limitar o aquecimento global abaixo de 2°C em relação à era pré-industrial e, caso seja possível, em 1,5°C. De acordo com um relatório muito recente da ONU, o mundo caminha para um aquecimento “catastrófico” de 2,7ºC.
“Precisamos ouvir a ciência. Devemos realizar a transição (para uma economia baixa em carbono) antes de 2030”, defendeu a peruana Valery Salas, de 24 anos, uma dos 400 delegados presentes.
Assim como nas manifestações que levaram milhões de seus colegas às ruas de todo o mundo nesses últimos anos, os jovens reunidos em Milão responderam Greta Thunberg com uma só voz: “O que queremos?” “Justiça climática” “Para quando queremos?” “Agora”.
Fonte: G1