Lucy está “estável”, mas painel solar ainda é um problema

A Nasa divulgou nesta quarta-feira (27) uma atualização sobre o status da missão Lucy, que vem enfrentando problemas com um de seus painéis solares. Segundo a agência, a espaçonave executou com sucesso várias pequenas manobras que estavam planejadas, sem efeitos adversos no painel que não está completamente desdobrado. Nesta sexta-feira (28) a espaçonave será apontada para a Terra, em preparação para verificação de instrumentos.

Na última terça-feira (26) a posição da espaçonave já tinha sido ajustada para que engenheiros pudessem medir quanta corrente elétrica circula pelo painel com problemas, e entender quão estendido ele está. Segundo as análises, ele está entre 75% e 95% da posição esperada, e é mantido em posição por um cabo que foi projetado para auxiliar sua desdobra.

A Nasa afirma estar avaliando várias abordagens para o problema, incluindo deixar o painel solar como está. Uma tentativa de desdobrá-lo completamente não deve ocorrer antes de 16 de novembro. Todos os outros sistemas da espaçonave funcionam corretamente.

Problema na Lucy preocupa engenheiros há quase duas semanas

Em um comunicado, há cerca de uma semana, a agência anunciou que seus engenheiros continuavam a estudar o problema com um dos painéis solares da espaçonave, projetada para uma missão de 12 anos em busca de informações sobre a formação do sistema solar.

Em 18 de outubro a agência informou que apenas um dos dois imensos painéis solares da espaçonave, com mais de 7 metros de diâmetro cada, se desdobrou completamente e “travou” na posição correta. Apesar disso, o painel “defeituoso” estava gerando quase que a quantidade de energia esperada em funcionamento normal, o que é suficiente para manter a espaçonave “saudável e funcionando”. 

Espaçonave Lucy, durante preparação em hangar antes do lançamento. Crédito: Lockheed Martin

A espaçonave fez a transição do “modo de segurança” para o “modo de cruzeiro” em 19 de outubro. Este modo lhe dá mais autonomia e causa mudanças de configuração que serão necessárias à medida que ela se afasta de nosso planeta.

A Lucy acionou com sucesso seus propulsores e continuará a realizar em segurança manobras de dessaturação – pequenos disparos dos propulsores para controlar seu momento – como planejado. A equipe de operações da missão adiou temporariamente a mobilização de uma plataforma de instrumentos para focar em resolver o problema com o painel solar. Outras atividades pós-lançamento planejadas continuam a ser realizadas como planejado. 

O foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA) colocou a espaçonave precisamente “no alvo” no espaço, então uma manobra de correção de curso chamada Trajectory Correction Maneuver 1 (TCM-1) não será necessária e foi cancelada. Com isso, a primeira manobra de correção será a TCM-2, programada para meados de dezembro.

Lucy tem um longo caminho pela frente, e irá visitar 8 asteroides no total. Um deles fica no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter e os outros sete são asteroides “troianos” que compartilham sua órbita com o gigante gasoso. Segundo a Nasa, estes asteroides são efetivamente “restos” da formação do sistema solar, como “fósseis” planetários, e podem conter informações valiosas sobre a origem da Terra e dos outros planetas.

O nome na espaçonave é uma homenagem ao famoso fóssil Lucy, descoberto nos anos 70 na Etiópia, o antepassado da raça humana mais antigo já encontrado. A Nasa espera que as descobertas feitas nos asteroides troianos sejam tão significativas para a astronomia quanto as propiciadas pela Lucy original em relação à nossa biologia.

Fonte: Olhar Digital