Milhares de assentamentos humanos ilegais representam uma ameaça real para a continuidade da existência de uma população de elefantes na Etiópia, na África Oriental, segundo uma análise feita com base em imagens de satélite do Santuário de Elefantes de Babile, no leste do país.
Pesquisadores da Escola de Geografia e Meio Ambiente da Universidade de Oxford e da Fundação Born Free, entidade internacional de proteção da vida selvagem, descobriram que de 2006 a 2017, o número de casas ilegais no santuário subiu de 18 mil para mais de 50 mil. Destas, cerca de 32 mil foram construídas exatamente na área de distribuição dos elefantes.
De acordo com o estudo, que foi aceito para publicação no periódico Oryx – The International Journal of Conservation, a menos que a integridade do santuário possa ser restaurada e as questões de segurança e pobreza sejam resolvidas, os elefantes serão dizimados em pouco tempo.
Restam apenas 250 elefantes no santuário
Segundo a pesquisa, o santuário é o lar de elefantes africanos da Savana no nordeste da África – uma das únicas seis populações reconhecidas na Etiópia.
De acordo com o site Phys, a população humana do país agora é de mais de 110 milhões, e há uma escassez crônica de terras e uma alta demanda por recursos naturais.
Estudos anteriores descobriram que a integridade e a eficácia de muitas áreas protegidas da Etiópia estão sendo comprometidas pelo aumento das pressões relacionadas ao homem, ao apoio governamental inadequado e ao conflito civil.
“A situação no Santuário de Elefantes de Babile é crítica. Agora restam apenas cerca de 250 deles. Sem a rápida resolução de muitos problemas humanos que colocam pressão sobre eles, é difícil prever um futuro em que essa população de elefantes sobreviva”, disse Emily Neil, estudante de pós-graduação da Escola de Geografia e Meio Ambiente de Oxford que fez parte do estudo.
Entre 2015 e 2019, a Fundação Born Free conduziu um projeto de campo no santuário, mobilizando oficiais da Autoridade de Conservação da Vida Selvagem da Etiópia para realizar o monitoramento diário da população de elefantes.
Isso ajudou os pesquisadores a entender melhor o alcance desses animais e estabeleceu que, além da caça furtiva, o conflito homem-elefante é uma causa significativa de mortalidade da espécie.
Em um contexto de crescente população humana rural dependente de recursos naturais escassos, instabilidade civil crônica, pobreza e insegurança alimentar, a equipe acredita que esses desafios devem ser enfrentados em conjunto com a segurança no santuário.
Fonte: Olhar Digital