As ilhas do Pacífico têm a menor taxa de representação política feminina do mundo, de acordo com a ONU.
Em 2021, no entanto, houve uma mudança nesse cenário. O arquipélago de Samoa elegeu Fiame Naomi Mata’afa como chefe de governo, a segunda a mulher a alcançar um cargo dessa importância na história da região, em que alguns países podem desaparecer nas próximas décadas por causa do clima.
As pautas relacionadas às mudanças climáticas são prioridade para a primeira-ministra, que falou com exclusividade à BBC.
“As mudanças climáticas são uma ameaça à existência de países como Samoa’, diz.
“Pelo fato de estarmos nas linhas de frente – a região do Pacífico – elas talvez pareçam mais distantes para outros lugares, mas acho que foi dito que o Pacífico dá a real medida do ponto em que as mudanças climáticas estão”, acrescenta.
Mata’afa não é a única mulher a lutar contra as mudanças climáticas nas ilhas do Pacífico. Em Fiji, outro arquipélago da região, AnnMary Raduva, de 16 anos, é uma das jovens que resolveram contribuir para possíveis soluções com as próprias mãos.
Ela começou junto com alguns amigos um projeto que já plantou mais de 10 mil mangues em diferentes áreas do litoral do país. Por essa e por outras iniciativas, a jovem ficou conhecida como a “Greta do Pacífico”, em uma referência à ativista climática sueca Greta Thunberg, de 18 anos.
“Os manguezais são os verdadeiros eco-heróis e ecodefensores”, diz Raduva, sobre o tipo de vegetação que ajuda a plantar, que suga mais de 6 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera por ano.
“Quando olho para minha irmã de três anos, Eunice, me pergunto: Como vai ser o futuro dela?“, lamenta.
No país da ativista, Fiji, sucessivos ciclones fizeram com que alguns vilarejos tivessem de ser realocado em áreas mais elevadas.
Em outro arquipélago da região, as Ilhas Marshall, a atual previsão do aumento nos níveis do mar ameaça 40% das edificações e a capital do país, Majuro.
É de lá que vem a primeira mulher a liderar um ilha do Pacífico. Hilda Heney foi a presidente do pais entre 2016 e 2020.
“Temos 24 ilhas com comunidades. Então se quisermos reconstrui-las em áreas mais elevadas, em quais ilhas poderemos fazer isso? Essas são perguntas muito difíceis”, explica.
Para elaborar essa reportagem, a correspondente da BBC para gênero e identidade Megha Mohan viajou a diferentes ilhas do Pacífico enquanto líderes de todo o mundo se reuniram para discutir a crise climática na COP26, em novembro.
Ela conheceu mulheres que estão nas linhas de frente, liderando a luta contra o problema em um dos lugares do mundo mais ameaçados por ele.
Confira no vídeo.
Fonte: BBC