O descarte incorreto do lixo eletrônico ameaça o meio ambiente e a saúde dos latino-americanos em pelo menos 13 nações. É isso que revela uma pesquisa conduzida pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), que monitorou o destino dos chamados e-waste em parte da América Latina, incluindo Argentina, Chile, Peru e Venezuela. A Onudi é uma agência especializada da ONU que propõe o desenvolvimento industrial sustentável.
De acordo com o levantamento, somente em 2019 os países analisados produziram 1,3 megatoneladas de lixo eletrônico, o que representa um aumento de 49% em relação a 2010. O índice de reciclagem destes materiais, no entanto, não acompanhou esta alta. De todo e-waste produzido, apenas 3% foi coletado e descartado de forma segura para que pudesse ser reaproveitado mais tarde.
O relatório aponta ainda que uma porcentagem ínfima da reciclagem é mérito de recicladores informais, pessoas que coletam celulares, computadores ou outros eletrônicos em lixões a céu aberto para extrair deles metais que podem ser comercializados. Mas mesmo este tipo de reaproveitamento está longe de ser uma boa notícia.
Os eletrônicos carregam substâncias tóxicas como mercúrio e chumbo que, quando manuseadas sem cuidado, podem causar contaminação. O estrago atinge uma escala ainda maior quando estes aparelhos acumulados em lixões e aterros sanitários liberam metais pesados no solo, poluindo a água e impactando ecossistemas inteiros.
Lixo que vale ouro
Imagine que em meio a pilhas e pilhas de lixo fosse possível extrair 7 mil quilos de ouro. Ou então 310 quilos de outros metais raros. Foi aproximadamente isso que a América Latina, literalmente, jogou no lixo em 2019. Componentes eletrônicos carregam dentro de si verdadeiras minas com metais como ouro, prata, ferro e alumínio.
Quando estes produtos são descartados inadequadamente, sem nenhum preparo ou reaproveitando, é uma fortuna que está sendo jogada fora. Os 13 países da América Latina analisados pela Onudi poderiam, juntos, ter lucrado US$ 1,7 bilhão em 2019 apenas reciclando o lixo eletrônico.
De acordo com a organização, a melhor maneira de fortalecer esse circuito da economia e minimizar os impactos ambientais dos e-waste é criar legislações específicas que regulem o descarte de materiais eletrônicos – até o momento, apenas Costa Rica, Equador e Peru têm leis consistentes sobre o tema.
Fonte: Galileu