Expedição chilena descobre mistérios do fundo do mar no Oceano Pacífico

Batizada de Atacama Hadal, a viagem marca a primeira vez que humanos desceram às águas da Fossa do Atacama, a maior do sudeste do Pacífico

Navio de pesquisa “DSSV Pressure Drop” (Foto: Caladan Oceanic )

Pepinos-do-mar translúcidos e novas comunidades bacterianas foram apenas algumas das descobertas feitas pela expedição liderada pelo cientista Osvaldo Ulloa, diretor do Instituto Milênio de Oceanografia (IMO), da Universidade de Concepción, no Chile. A equipe partiu em janeiro para uma missão a fim de desvendar mistérios da vida submarina da Fossa do Atacama.

Além de Ulloa, embarcaram também o explorador norte-americano Victor Vescovo e o diretor assistente do IMO, Ruben Escribano. Juntos, os três foram os primeiros humanos a descerem na longa fossa de 5.900 quilômetros que se estende até o Equador. A descida de 8 quilômetros de profundidade levou 3 horas e meia, e a viagem ao longo da costa norte do Chile durou 12 semanas. 

“Conseguimos a façanha de levar humanos para a Fossa onde nenhum outro ser humano havia estado antes”, disse Ulloa, em entrevista à agência de notícias AFP. “Encontramos estruturas geológicas e vimos um tipo de holotúrias ou pepinos-do-mar translúcidos, como geleia, que nunca tínhamos registrado e eram provavelmente novas espécies.”

Victor Vescovo (Foto: Caladan Oceanic )

Entre as descobertas também estavam colônias bacterianas que se alimentam de compostos químicos e inorgânicos cuja existência na Fossa do Atacama era desconhecida. A expedição também encontrou espécies necrófagas de anfípodes, um tipo de crustáceo parente do camarão, além de vermes segmentados e peixes translúcidos.

A Fossa do Atacama – também conhecida como Fossa Peru-Chile – fica onde as placas tectônicas de Nazca e Sul-Americana convergem. Um dos possíveis resultados da iniciativa chilena será a instalação de sensores nessas placas no segundo semestre de 2022.

O objetivo é observar onde a energia está se acumulando em áreas que não tiveram terremoto, ajudando assim a prever onde o próximo tremor ocorrerá. “É um projeto incrivelmente ambicioso”, disse Ulloa à AFP. “É o maior experimento feito em geologia subaquática aqui no Chile.”,

Um Só Planeta (Foto: Um Só Planeta)

Fonte: Galileu