Uma pesquisa publicada em fevereiro na Nature indica que a alteração do ciclo da água está evoluindo mais rápido que o esperado. Com intuito de monitorar esse fenômeno, estudiosos da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, escolheram observar um conjunto de dados históricos sobre as áreas com maior quantidade de água salgada do globo.
O ciclo da água é muito importante para nossa sobrevivência e para nosso planeta, já que ele é responsável por transportar, em forma de chuva, a água doce do oceano para o solo, fertilizando-o. Contudo, por conta do aumento da temperatura global, esse ciclo pode desencadear consequências severas para o meio ambiente. Uma delas é que as altas temperaturas fazem a chuva se mover de regiões secas para regiões úmidas.
Isso ocasiona, por exemplo, a falta de chuva em locais secos e a abundância de preciptação em locais suscetíveis a inundações e outros desastres hídricos. “O ciclo da água leva essa água doce para regiões mais frias onde cai como chuva”, explica Jan Zika, coautor do estudo e professor associado do UNSW.
Para entender melhor o impacto dessas altas temperaturas no ciclo da água, os estudiosos averiguaram três conjuntos de dados históricos sobre o sal presente na água entre 1970 e 2014. A escolha de colher essas informações se dá pelo fato de que, em áreas mais quentes, a água doce é preciptada e a salgada é deixada no oceano.
Após a análise dos dados, os estudiosos estimam que um acréscimo de 46 mil a 77 mil quilômetros cúbicos de água doce foram transportados da linha do Equador para os pólos, cerca de 123 vezes a quantidade de água no porto de Sidney. Esse número é entre três a quatro vezes maior do que o esperado e estimado por modelos climáticos atuais.
Ao comparar os resultados com 20 modelos climáticos existentes sobre o assunto, os pesquisadores concluíram que esses protótipos subestimaram a real mudança na transferência de água doce quente e fria causada pelas altas temperaturas.
“Cada nova geração de modelagem adapta modelos anteriores com dados reais, encontrando áreas que podemos melhorar em modelos futuros. Esta é uma evolução natural na modelagem climática”, explica o coautor Taimoor Sohail. Para os cientistas, o estudo publicado na Nature pode ajudar projeções e pesquisas futuras sobre o assunto.
Fonte: Galileu