São Paulo tem poluição acima do recomendado pela OMS nos últimos 22 anos

Os níveis de ozônio, dióxido de nitrogênio e material particulado na cidade de São Paulo podem ser o quádruplo do que o limite estabelecido pela organização

Imagem da Marginal Tietê e do Rio Tietê (Foto: Wikimedia Commons / Dornicke)

Material particulado, ozônio e dióxido de nitrogênio são algumas das substâncias às quais os paulistanos devem ficar atentos. Uma análise publicada pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), aponta que as concentrações dessas substâncias estão além do que os valores limítrofes recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A partir de dados coletados pelas 20 estações de monitoramento da qualidade do ar da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) entre 2000 e 2021, o IEMA conseguiu comparar os dados da qualidade do ar a capital paulista com os valores das diretrizes de qualidade do ar (DQA) da OMS para proteção da saúde pública. Com essas informações, o instituto conseguiu rastrear os poluentes mais prejudiciais, de acordo com sua concentração no ar, para a população paulistana.

O aumento desses poluentes  é diretamente influenciado pelas emissões veiculares, ou seja, devido ao trânsito de carros, motos, caminhões e ônibus. Entre os mais preocupantes para a cidade estão o material particulado, o ozônio e o dióxido de nitrogênio.

De acordo com as Diretrizes Globais de Qualidade do Ar da Organização Mundial da Saúde, guia utilizado pelo IEMA, a contração de material particulado (MP) – um dos principais poluentes prejudiciais à saúde humana, podendo ser de origem primária ou de origem secundária – limite, por dia, é de 80 microgramas de partículas. Em São Paulo, somente em 2019, foi produzido 1,5 mil toneladas, valor inferior aos índices de 2006 que chegaram à quantidade de 2,5 mil toneladas. A queda notável entre os anos, segundo o IEMA, pode ser relacionada com o Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), iniciado em 1986, que visa disciplinar as emissões veiculares no Brasil.

A análise de ozônio contou com um recorte anual do início do inverno (dia 21 de junho de um ano) até o encerramento no outono (dia 20 de junho do ano seguinte). Observou-se um aumento expressivo desse poluente entre 2019 e 2020, incluindo o período da pandemia. A única parte da cidade que, em 2010, atendeu os índices da OMS – inferior à  60 μg/m diário – foi a região de Pinheiros. No entanto, atualmente esse nível não é mais atingido.

Com o dióxido de nitrogênio, a equipe do IEMA notou uma redução nos últimos dois anos, com o poluente se adequando à marca de concentrações médias anuais que condizem com a antiga diretriz de qualidade do ar da OMS (DQA), de 40 µg/m³. Recentemente, o órgão atualizou os valores das diretrizes sendo quatro vezes mais restritivos, caindo de 40µg/m³ para 10 µg/m³.

Outro documento utilizado para a pesquisa foi o Plano de Mobilidade de São Paulo, que aponta que 80% das emissões de dióxido de nitrogênio tem origem veicular na cidade e ocorre pela queima de combustível. A Marginal Tietê, que sofre o efeito imediato das emissões dos poluentes, registra 49 µg/m de concentração desse poluente, quase cinco vezes mais do que o recomendado.

Soluções

Para combater a poluição no ar de São Paulo, o documento aponta que as três esferas de governo (federal, estadual e municipal) devem atuar em conjunto e estabelecer algumas ações possíveis que cada poder possa tomar.

Acredita-se que o governo federal deve continuar implementando soluções de regulamentação desses poluentes. Como, por exemplo, a criação de sistemas de controle de emissões de veículos automotores novos como o Proconve, que respondeu pela maior parte do decréscimo das concentrações de MP e dioxido de nitrogênio no ar de São Paulo.

A recomendação para o governo estadual é continuar e aprimorar o trabalho de gestão da qualidade do ar para identificar com precisão a causa dos problemas da poluição. Já a municipal deve focar-se em eliminar gradativamente as emissões dos poluentes pelos ônibus urbanos da cidade até o ano de 2038, conforme já preconiza a Política de Mudança do Clima no Município de São Paulo.

Fonte: Galileu